A agência meteorológica japonesa anunciou, esta segunda-feira, que o país atingiu um novo recorde de temperatura registada durante uma onda de calor que já matou quase 50 pessoas.
A cidade de Kumagaya, a noroeste de Tóquio, atingiu os 41.1ºC, batendo o recorde de Kochi, que, em 2013, chegou aos 40ºC.
Só no sábado, morreram 11 pessoas devido às altas temperaturas, num momento em que as autoridades estão a pedir aos cidadãos para se manterem em casa e evitarem lugares onde possam estar expostos durante muito tempo às altas temperaturas registadas.
Desde o início desta onda de calor, 44 pessoas morreram e centenas foram hospitalizadas
Joel N. Myers, presidente e fundador da AccuWeather, uma empresa que fornece serviços de previsão meteorológica acredita, no entanto, que os números podem ser bem mais elevados. “A AccuWeather estima que o número de mortos no Japão devido à vaga de calor já esteja nas centenas apesar de os números oficiais só falarem de pouco mais de duas dezenas e prevemos que os números subam até aos milhares antes que a vaga de calor termine”, disse o especialista ouvido pela CNN.
Ainda assim, ressalva o especialista, o número real de vítimas pode nunca vir a ser conhecido, já que é difícil para as autoridades estabelecer uma relação causal entre as causas da morte e a onda de calor.
"Exaustão por calor, acidentes vasculares cerebrais, desidratação, enxaqueca, perda de sono e alteração de humor podem ocorrer devido ao calor. Dados históricos mostram que mais pessoas têm acidentes devido ao calor”, explica o especialista.
O mês de julho está a ser marcado por fenómenos extremos no país do sol nascente. No início do mês, mais de 200 pessoas morreram na sequência de chuvas torrenciais, inundações e deslizamentos no oeste do país.
Jogos olímpicos no inverno?
A onda de calor e as altas temperaturas que a cidade de Tóquio atinge nesta altura do ano está a levar muitos cidadãos japoneses a questionar a viabilidade dos jogos olímpicos de 2020, que acontecem na capital nipónica. O evento deverá decorrer entre 24 de Julho a 9 de Agosto, quando as temperaturas na cidade atingem os 35ºC.
Na candidatura japonesa pode ler-se que uma das vantagens desta cidade são “as condições climatéricas (…) ideais para os atletas”. Em 1964, a última vez que esta cidade acolheu este vento desportivo, o Japão decidiu mudar as datas da competição para outubro.
Durante a visita ao país na última semana, o representante do Comitê Olímpico, John Coates, reconheceu que o calor poderia vir a ser um problema.
“Estamos conscientes de que temos de nos preparar para calor extremo”, disse o representante em conferência de imprensa. “Mas não serão o primeiro país a organizar os jogos em sob calor extremo”, clarificou.
Também o Mundial de Futebol, a realizar-se em 2022, no Qatar, teve de ver as suas datas alteradas devido ao calor que se faz sentir neste país.