A Câmara de Proença-a-Nova estima que os prejuízos causados pelo incêndio que deflagrou no dia 13 no concelho ultrapassem os sete milhões de euros, entre danos florestais, ambientais e agrícolas, bem como infraestruturas e recursos hídricos.
Em comunicado enviado à agência Lusa, aquele município do distrito de Castelo Branco explica que o valor ainda é provisório e que os técnicos da autarquia se mantêm no terreno a proceder ao levantamento de todos os estragos causados pelo fogo que depois alastrou a Oleiros e Castelo Branco e que demorou vários dias a ser extinto.
Citado na nota de imprensa, o presidente da Câmara de Proença-a-Nova, João Lobo, salienta que já reivindicou junto do ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, a necessidade de o Governo, através do Ministério da Agricultura, abrir um aviso específico de apoio para os pequenos agricultores, que perderam uma importante fonte de rendimento.
Salientando a extrema violência do incêndio que terá destruído 16 mil hectares, João Lobo também defende a urgência de se tomarem medidas que ajudem "a resolver um problema estrutural que se criou e tem vindo a agravar nas últimas oito décadas".
"Não podemos voltar com as mesmas soluções e esperar resultados diferentes. Temos de ter soluções diferentes", aponta o autarca, citado na nota de imprensa.
Segundo defende, é necessário definir uma gestão profissionalizada da floresta: "As políticas públicas só se exercem em terreno público. Não defendo que nacionalizemos os territórios, pois os privados continuarão a ser proprietários, mas vão ter que perder a capacidade de gestão quando não contribuem para uma floresta ordenada e segura".
O autarca afirma, igualmente, que "só a existência de áreas limpas e geridas pode refrear o avanço das chamas em situações como as que se viveram neste incêndio", pelo que aguarda com "expectativa" a implementação de algumas medidas recentemente aprovadas sobre esta matéria, nomeadamente as áreas de gestão de integração da paisagem, de que Proença-a-Nova faz parte do projeto-piloto, ou o arrendamento forçado quando os proprietários não limpam e não gerem os seus terrenos dentro das áreas que tiverem planos de gestão eficazes.
João Lobo considera ainda que a obrigatoriedade de limpeza das faixas de gestão de combustível junto dos aglomerados florestais pode ter feito a diferença em algumas aldeias neste incêndio, nomeadamente Fórneas e Dáspera.
"Na gestão de combustível junto aos aglomerados, Proença-a-Nova é um exemplo", salienta, destacando o "papel essencial dos habitantes das localidades na defesa do seu património, feito sem o auxílio inicial dos bombeiros, só possível porque a gestão de combustível estava feita".
Sublinhando ainda a importância do trabalho dos bombeiros, reitera que também são precisas mudanças na vertente do combate aos incêndios.
"Precisamos organizar as forças que temos no território e que fora da época dos incêndios exerçam outras funções na defesa da floresta", apontou.