A atribuição do prémio Nobel da Literatura à jornalista e escritora Svetlana Alexijevich deve ser lida como uma advertência à Rússia, considera Maria Raquel Freire, do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra.
A laureada nasceu em Minsk, na Bielorrússia em 1948 e é considerada uma das autoras mais prestigiadas a escrever sobre a União Soviética. Em Portugal tem apenas um livro editado, "O Fim do Homem Soviético", publicado pela Porto Editora.
A investigadora de Coimbra Maria Raquel Freire, que tem vários estudos publicados sobre política russa, diz que a galardoada dedicou o seu trabalho a denunciar a falta de liberdade de expressão e considera que Comité Nobel quis passar uma mensagem em defesa das liberdades fundamentais.
“Todo o seu trabalho tem a ver com a crítica ao regime que incapacitava as pessoas de serem livres e de se expressarem de forma livre. Aquilo que ela tentou fazer sempre foi quebrar com o passado e quebrar com todas estas limitações”, diz Maria Raquel Freira à Renascença.
"Aquilo que temos com este reconhecimento do seu trabalho é, no fundo, uma advertência e penso que vai ser interpretada desta forma em termos do contexto internacional actual e mais particularmente das políticas russas e da própria Bielorrússia, onde estas questões relacionadas com os indivíduos com a pessoa, enquanto princípios, direitos, liberdades fundamentais, são ainda muito limitados”, diz Maria Raquel Freire.
Svetlana Aleksievitch afirmou esta quinta-feira que respeita a Rússia da cultura e da ciência, mas não o "mundo russo de Estaline e Putin".