Os utentes da ADSE vão pagar menos pelos tratamentos médicos com as novas tabelas, que entraram em vigor no domingo, primeiro dia de abril. A garantia foi dada na Renascença pelo presidente do subsistema de saúde dos funcionários do Estado.
“Vão pagar menos, sim. Mas a tabela que entrou ontem em vigor não está completa, ou seja, ainda há áreas onde não foi possível chegar a acordo com os operadores privados e vão continuar as negociações durante mais um mês ou dois”, afirmou Carlos Liberato Batista.
As tabelas passam a incluir limites máximos nos preços dos atos médicos, o que resulta numa descida do copagamento por parte dos utentes.
Assim, “na altura de pagar, o utente só de pagar 20% de um valor fixo e não de um valor que muitas vezes é indeterminado e que pode ser muito mais alto do que o que é o valor por hora fixado”, explicou.
Carlos Liberato Batista adianta, no entanto, que há ainda muitas negociações em curso. Por exemplo, na área dos procedimentos cirúrgicos, “até agora só conseguimos chegar a acordo em 112” de um total de 350.
“Portanto, ainda faltam cerca de 240 procedimentos que vamos continuar a discutir com os operadores privados”, resume.
Mas os privados não se mostram contentes com as propostas apresentadas. Óscar Gaspar, presidente da Associação de Hospitalização Privada, diz desconhecer qualquer estudo que justifique os cortes pretendidos pela ADSE.
“Em janeiro, o que estava em causa supostamente por parte da ADSE era uma redução da despesa de 43 milhões de euros [perto de 10% do bolo total]. Os hospitais privados sempre disseram que não era acomodável. E a verdade é que, nessa altura como hoje, continuamos a não conhecer nenhum estudo da sustentabilidade da ADSE” e “não percebemos qual o racional de alguns dos cortes que querem aplicar”, contesta na Renascença.
“Com toda a franqueza, recebemos esta errata da ADSE na passada segunda-feira, às 22h30, e sem nenhum tipo de quantificação. Essa é uma das críticas que apontamos”, prossegue, confirmando que, desta forma, os hospitais não sabem quanto vão perder com as novas tabelas.
Por tudo isto, Óscar Gaspar considera a nova tabela “incompleta, desajustada e desatualizada, na qual os próprios médicos não se reveem”, porque “aquilo que está na tabela atual já não tem correspondência com nada”.
“Portanto, nós sempre fizemos crer à ADSE que era preferível evoluir para a chamada tabela da Ordem dos Médicos, para que quando falamos de uma biópsia todos saibamos exatamente do que estamos a falar. Não é mais nem menos do que aquele ato”, conclui.
As negociações entre a ADSE e os hospitais privados vão prosseguir e para esta semana está marcada uma nova reunião.