O ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Lavrov, disse esta quarta-feira que os objetivos militares da Rússia na Ucrânia vão agora além da região leste do país e passaram a incluir "uma série de outros territórios".
"A geografia é diferente agora. Já não se trata apenas das repúblicas populares de Donetsk e Lugansk [os territórios separatistas no leste da Ucrânia], mas também das regiões de Kherson e Zaporijia [no sul] e uma série de outros territórios", afirmou o chefe da diplomacia russa, em entrevista à agência russa de notícias Ria Novosti e ao canal RT.
Segundo Lavrov, à medida que o Ocidente - por "raiva causada pela impotência" ou pelo desejo de agravar a situação -- fornece cada vez mais armas de longo alcance, como os mísseis Himar, "o quadro geográfico da operação avança mais e mais".
"Não podemos permitir que, na parte da Ucrânia que permanece sob o controlo de [Presidente ucraniano, Volodymyr] Zelensky (...), haja armas que representam uma ameaça direta aos nossos territórios ou aos territórios das repúblicas que declararam a sua independência", sublinhou.
Lavrov lembrou que os objetivos estabelecidos pelo Presidente russo, Vladimir Putin, ao ordenar a campanha militar na Ucrânia foram "a desnazificação e a desmilitarização da Ucrânia, no sentido de deixar de haver ameaças à segurança" russa.
Um objetivo que se mantém, segundo reiterou o chefe da diplomacia russa.
A porta-voz da diplomacia russa, Maria Zajárova, também reagiu hoje às advertências do coordenador de comunicações do Conselho de Segurança Nacional dos Estados Unidos da América (EUA), John Kirby, que ameaçou a Rússia com sanções adicionais e mais severas caso insistisse na anexação ilegal de território ucraniano.
"A Casa Branca declarou que os Estados Unidos vão impor novas sanções se novas regiões ucranianas se juntarem à Rússia. O erro da Casa Branca é que os EUA impuseram e continuam a impor novas sanções sem que as regiões ucranianas sejam integradas na Rússia", afirmou a porta-voz, numa mensagem divulgada na rede social Telegram.
Por isso, frisou a representante, "esta nova ameaça só fortaleceu a nossa decisão de agir".
A Rússia, que iniciou uma invasão a que chamou "operação militar especial" na vizinha Ucrânia, em fevereiro passado, declarou abertamente que irá promover referendos sobre a integração das regiões de Zaporijia e Kherson, parcialmente ocupadas por tropas russas, no país.