Mais de um quinto das empresas (21%) já atingiu um nível de atividade semelhante ao que tinha antes da pandemia de Covid-19, segundo um inquérito divulgado nesta segunda-feira pela CIP – Confederação Empresarial de Portugal.
Este é um dos resultados do 17.º inquérito realizado no âmbito do projeto "Sinais Vitais", desenvolvido pela CIP, em parceria com o Marketing FutureCast Lab do ISCTE, que conta com uma amostra de 355 empresas, das quais a maioria (47%) é do setor da indústria e energia, de outros serviços (22%), do comércio (15%) e da construção e atividades imobiliárias (5%).
Apesar de as expectativas quanto à recuperação da atividade variar de setor para setor, o estudo destaca que 21% das empresas inquiridas consideram que "já se atingiu uma atividade semelhante ao período antes da pandemia".
"Já há mais empresas a sentir a retoma da atividade e, portanto, finalmente, passado um ano e meio, a atividade económica começa a mexer-se e há expectativas que possamos atingir o nível de pré-pandemia", realçou o dirigente da CIP Óscar Gaspar, durante a apresentação do documento.
O estudo indica, por outro lado, que apenas 10% das empresas consideram que a recuperação se dará até ao final de 2021, enquanto 30% acreditam que a recuperação só acontecerá em 2022, 17% em 2023 e 6% depois desse ano.
Óscar Gaspar destacou também que a opinião dos empresários face aos programas de apoio públicos se agravou neste mês, com 82% das empresas a considerarem que estão aquém ou muito aquém do que necessitam (contra 79% em junho).
Empresários pouco confiantes na "bazuca"
Quanto ao Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), 60% dos empresários inquiridos consideram que não terá significado para a atividade da sua empresa, com 10% a considerarem que pode ser significativo e 2% muito significativo.
"Esta é uma preocupação enorme", sublinhou Óscar Gaspar, acrescentando que "aquilo que os empresários sentem é que o PRR não lhes diz respeito".
Segundo o dirigente da CIP, a nota de atualização do PRR sobre a percentagem de contratualização mostra que os contratos realizados até agora abrangeram "zero empresas".
"O que vemos é que há uma contratualização com as entidades públicas", afirmou Óscar Gaspar.
Os resultados do barómetro da CIP revelam ainda que 36% das empresas se candidataram a apoios do Estado nos últimos três meses e 64% não se candidataram, sendo que 80% responderam que a sua candidatura foi aprovada e 77% já receberam o apoio.
Mais empresas em plena atividade
O número de empresas respondentes em pleno funcionamento aumentou em relação a junho de 85% para 95%, as empresas fechadas mantêm-se em 1%, tendo igualmente diminuído a percentagem de empresas parcialmente encerradas de 14% para 4%, indica o documento.
Por sua vez, 38% das empresas registaram em agosto uma redução de vendas e prestações de serviços face ao mesmo mês de 2019, enquanto 31% mantiveram e 31% aumentaram.
A queda de vendas e prestação de serviços em agosto afetou sobretudo as grandes empresas (47%), as médias (42%) e as micro empresas (39%), mas registou-se uma melhoria face aos valores médios de junho (46% a diminuir e 25% a aumentar).
Face ao período anterior à pandemia, as encomendas em carteira "diminuíram em muito mais empresas do que aquelas em que estão a aumentar (27% versus 21%)", mas face a junho, assistiu-se "a uma ligeira melhoria deste indicador" em setembro.