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Francisco Rodrigues dos Santos acha que nenhum partido deve ser posto de lado, mas ataca a política feita com base em “conversas de café”.
Nunca rejeitou quaisquer aproximações ao Chega. Há quem preveja que o CDS será engolido pelo Chega e pela Iniciativa Liberal; por outro lado, o CDS sempre teve receio do seu parceiro do lado, o PSD. Como garantir o espaço do CDS?
Tenho dito isto até antes do congresso: por uma questão de justiça e de equidade, achamos que os partidos à direita do PS devem ter os mesmos instrumentos de alianças que os partidos à esquerda do PS. Nunca especifiquei nenhum partido.
Não há partidos postos de lado?
Exatamente. Sempre que possível o CDS pretende ir a eleições autonomamente com a marca do partido, preconizando uma direita democrática, popular, de valores constantes e de matriz democrata-cristã. Esta é uma direita humanista que não entra em discursos de ódio, fraturantes, a querer colocar uma parte da sociedade contra a outra. Nem somos uma inventona que surgiu há meia dúzia de dias que quer fazer um discurso baseado em conversa de café, levando-a para o Parlamento, achando que aquilo é um programa político.
É isso que é o Chega?
Não quero qualificar.
Há quem veja a matriz democrata-cristã do CDS como incompatível a alianças com o Chega, mesmo a nível autárquico.
Eu sempre disse que o nosso parceiro preferencial é o PSD. Não disse que era nenhum outro. Estamos a comparar o CDS com o quê? O CDS tem linhas vermelhas e, no caso de serem transpostas, não há coligações possíveis. O CDS tem uma história e é um partido que não diz uma coisa e faz outra. Não diz que é contra o sistema e depois é liderado por um dissidente do PSD. O CDS não diz que é a favor da exclusividade dos deputados, mas depois tem avenças, nos seus dirigentes ou no seu presidente, em estações de televisão ou em comentários de outra ordem. Não diz que é contra as subvenções vitalícias dos políticos e depois tem na sua direção pessoas que recebem essas subvenções. Não diz que um jogador de futebol não pode comentar assuntos políticos, mas um político já pode passar os seus dias a fazer comentários de futebol. Bem, nós não somos uma mixórdia de coisas que, no fundo, não significam nada de concreto para a vida do país.
Paulo Portas dizia que ao lado só uma parede. Agora que não há parede como é que lida com o partido que lá está?
Eu sempre fui considerado da ala direita do CDS, não foi certamente por minha culpa surgiram partidos à direita do CDS. Acho inacreditável é que algum jornalismo queira imputar essa afirmação de Paulo Portas como uma crítica a Francisco Rodrigues dos Santos. Quero, sim, que o CDS seja um tampão e uma fronteira de todos os extremismos e não contam com o CDS para alimentar devaneios, conversas de café, discursos que são corrosivos e que disseminam o ódio na nossa sociedade. Defendemos bandeiras que todo o português sensato preferirá a ideias mais radicais. Nós não defendemos castrações químicas, prisões perpétuas nem penas de morte. Aqueles que procuram o CDS fora do CDS vão desiludir-se. Tenho consciência de que é preciso recuperar esta marca.
Acha que vai conseguir num mandato?
Nos mandatos que forem precisos. Estou cá para isso, não viro as costas à luta.
Sobre a questão do racismo. Considera, como o líder do PSD, que não há racismo?
Só uma profunda ignorância histórica sobre o papel de Portugal no mundo bem como das ligações de sangue a várias raças pode qualificar o nosso país como racista. Portugal não é um país racista, mas é um país onde, isoladamente, acontecem casos de racismo. Se há quem de forma ignorante teime em ver o mundo numa luta de raças, há felizmente na nossa sociedade os que vivem a sua vida em comunidade, que se respeitam uns aos outros e que aceitam a diversidade como raiz da nossa coesão histórica.