Cães perigosos. Há leis suficientes, mas falta fiscalizar, diz Ordem dos Veterinários
26-04-2017 - 17:13

Bastonário defende que a solução não é proibir raças, porque isso levaria a extinção, mas sim uma maior fiscalização das leis já existentes.

O bastonário da Ordem dos Veterinários, Jorge Cid, defende que já há uma série de normas legais que defendem os cidadãos das raças de cães potencialmente perigosas. No entanto, a fiscalização destas leis nem sempre é eficiente.

“Tem que haver sobretudo uma fiscalização das normas que já estão em vigor. Os cães já têm que estar todos 'microchipados' e identificados. Os donos têm que ter um registo criminal limpo. Enfim, há uma série de condicionantes para que se possa ter estes animais”, sustenta o bastonário, em declarações à Renascença, apontando, ainda, a obrigatoriedade de os animais estarem açaimados e andarem com trela em espaços públicos.

No último fim-de-semana dois ataques a crianças no Norte do país, um em Matosinhos e outro em Arouca, voltaram a reacender o debate à volta das raças de cães potencialmente perigosas.

A fiscalização, na opinião do bastonário da Ordem dos Veterinários, tem que começar logo à nascença. “Após os animais terem uma ninhada, os cães têm de ser registados e saber a quem foram vendidos. Depois há que fazer o controlo dessas pessoas e saber quem são, bem como se têm condições para ter esse animal”, enuncia.

O mesmo responsável defende ainda que, de seguida, há que seguir o rasto desses animais, ou seja, “ver se essa pessoa depois não cedeu o animal a outro, e se o cão está a ser socializado como manda a lei, isto é, se está a ser treinado por um treinador certificado."

Para Jorge Cid a solução não passa por vedar a possibilidade de ter cães destas raças. “Proibir a posse destas sete raças era acabar com elas, como é óbvio. Precisamos de ver quem são os criadores destas raças e que tipo de selecção é que estão a fazer. Nós veterinários, na nossa prática diária, vemos animais destas raças identificadas como potencialmente perigosas e que são extremamente meigos, porque os donos gostam deles e desde pequeninos os tornaram meigos”, explica.

Mas o especialista admite que há outros casos em que “o próprio dono não tem mão no cão.” E no caso de Matosinhos em que um rottweiller atacou uma menina de quatro anos, o bastonário inclina-se para a possibilidade de a socialização do cão ter sido mal feita.

“Se o cão estivesse perfeitamente socializado e perfeitamente treinado mesmo que possa ter algum grau de agressividade o dono tem controlo sobre ele. O problema é que isto não se passa muitas vezes, os detentores não têm controlo nos próprios animais e, portanto, não conseguem sequer parar um ataque ou qualquer outro tipo de situação”, garante.

Para Jorge Cid a solução passa por seleccionar e apertar mais o cerco aos donos destas raças para que o Estado se possa assegurar se são pessoas que gostam desse tipo de cão ou se o utilizam como uma arma para outros fins não lícitos.