O economista João César das Neves afasta um cenário de redução de impostos no próximo Orçamento do Estado.
Na retoma do habitual espaço de comentário das sextas-feiras, na Renascença, o professor universitário lembra que "nós temos a dívida pior do que tínhamos quando começou este processo e estamos, agora, com um problema muito grave por parte do Estado, portanto, não estou a ver que se vá baixar impostos".
César das Neves considera, no entanto que "se devia e até podia, se nós usássemos o dinheiro europeu para conseguir indiretamente isso... Se o dinheiro da famosa bazuca fosse usado para ajudar as empresas e para promover o desenvolvimento", em vez daquilo que o economista diz serem os "grupos de pressão habituais".
Neste quadro, João César das Neves diz que a opção por não baixar impostos "é um erro", mas, ao mesmo tempo, uma inevitabilidade, "no sentido em que era necessário alimentar aqueles que se estão a preparar para o dinheiro que aí vem e isso são as pressões do costume".
"O que a economia devia ter e aquilo que a política permita que tenha são coisas muito diferentes e, portanto, a consequência disso é que vamos continuar a ter uma enorme carga de impostos. Não estou a ver que seja possível baixá-la, porque não me parece que seja essa a estratégia do Governo", conclui.