Os sindicatos da PSP e associações da GNR prometem protestar a partir de janeiro para exigir aumentos no subsídio de missão e ameaçam com iniciativas junto dos governantes no terreno, ações que poderão estender-se à campanha eleitoral.
À margem de um plenário esta tarde no Comando Metropolitano da PSP de Lisboa, o dirigente sindical Armando Ferreira avisou que os agentes da PSP e militares da GNR vão fazer ações de protesto a partir de janeiro, "nomeadamente em locais onde possa estar o senhor primeiro-ministro, onde possa estar o senhor ministro da Administração Interna e também no desenvolvimento da campanha eleitoral".
Estas reuniões inserem-se na contestação iniciada após o Governo ter aprovado, a 29 de novembro, o pagamento de um suplemento de missão para as carreiras da PJ, que, em alguns casos, pode representar um aumento de quase 700 euros por mês.
Os elementos da PSP e GNR consideram tratar-se de um "tratamento desigual e discriminatório".
"[As reuniões] estão a acontecer para sentirmos o que é que os nossos colegas localmente pensam de quais são as melhores formas para nós enveredarmos daqui para a frente em reivindicação pela valorização profissional e salarial, tanto da Polícia de Segurança Pública como dos militares da Guarda Nacional Republicana", afirmou o também dirigente do Sindicato Nacional de Polícia (Sinapol).
A decisão será tomada pela plataforma que junta os sindicatos da PSP e associações profissionais da GNR, numa reunião a realizar-se no início do ano, acrescentou.
Os dirigentes estão a assistir a uma "evolução gradual" do descontentamento e, para já, uma "das estratégias foi a realização de plenários nos aeroportos, tentando, de alguma forma, condicionar a entrada e saída de estrangeiros em Portugal, exatamente para se verificar que a missão aeroportuária é uma missão que agora é de atribuição da PSP".
No caso dos aeroportos, ao lado dos agentes da PSP, que recebem um subsídio de missão de 68,93 euros, estão elementos da Polícia Judiciária que, no limite, podem receber até 960 euros por realizarem "exatamente essa mesma missão".
O sindicalista acredita que "o Governo já se começou a aperceber da força que os polícias podem ter se se unirem" e avisou que os "sindicatos já estão unidos". .
Agora, falta mostrar força, considerou Armando Ferreira. "Agora serão os polícias a serem a massa de descontentamento a nível nacional pela forma discriminatória com que foram tratados".
Um dos motivos principais, considerou, é o tratamento discricionário entre forças de segurança, porque "não se pode quantificar de forma diferente o que é o risco ou o que é a perigosidade da profissão policial no seu todo, seja para as forças de segurança, PS e GNR, e depois para a Polícia Judiciária".
Quanto a eventuais ações durante a campanha eleitoral, Armando Ferreira salientou que os "profissionais da PSP e os militares da GNR não estão, de qualquer forma, motivados politicamente para o que quer que seja, só querem os seus direitos salvaguardados e tratamento idêntico àquilo que é dado a outras forças policiais em Portugal".
"Em primeira instância somos nós que estamos no terreno, somos nós, polícia de segurança pública e guarda nacional republicana, que lidamos no primeiro impacto com o que quer que seja aconteça neste país" e "somos aqueles que estamos mais expostos ao perigo", afirmou. .
Um dos motivos para este tratamento desigual está relacionado com direitos sindicais, porque "é mais fácil prejudicar quem não tem direito à greve, os outros têm direito à greve e conseguem ter mecanismos de pressão que nós não temos", disse Armando Ferreira. .
E é por isso, que as associações estão a "utilizar a lei sindical para, de alguma forma, bloquear e constranger os serviços", disse Armando Ferreira, deixando uma ameaça: "nunca se sabe isto se não poderá levar a uma situação em que possamos tentar desencadear de alguma forma algum tipo de paralisações setoriais".