Portugal está a falhar na redução de consumo de álcool entre os adultos e, sobretudo, entre as mulheres. O dado é avançado à Renascença pelo vice-presidente do Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos (SICAD).
“Neste momento, os últimos estudos que temos mostram que, em relação ao plano nacional que tínhamos definido, não conseguimos atingir alguns objectivos, principalmente os ligados ao consumo dos adultos e, nomeadamente, as mulheres. Estamos com padrões de consumo demasiado altos e principalmente nas mulheres”, refere Manuel Cardoso.
Não quer isto dizer que as mulheres inquiridas no último Inquérito Nacional ao Consumo de Substâncias Psicoactivas na População Geral sejam as maiores consumidoras de bebidas alcoólicas. Os consumos das substâncias analisadas no estudo do SICAD são sempre mais altos em homens do que em mulheres, à excepção do consumo de esteróides anabolizantes, “onde as mulheres apresentam prevalências de consumo superior”.
Se olharmos para os números, e respondendo à questão relacionada com a prevalência do consumo álcool nos últimos 12 meses, o SICAD verificou uma descida de quase 10 pontos percentuais face ao ano de 2001 nos homens, comparada com uma decida de 3,4 pontos percentuais em relação às mulheres inquiridas. Uma descida que não convence o vice-presidente do SICAD e que não está em conformidade com os objectivos definidos.
O responsável sublinha ainda que, com o aumento das condições de vida, e aumenta também o consumo de álcool. “Os estudos da OCDE dizem-nos que, normalmente, com o aumento das condições de vida e da formação educacional, o consumo de álcool nas mulheres aumenta em termos mundiais, enquanto nos homens diminui”, indica na Manhã da Renascença.
Para reforçar as acções no sentido de reduzir os danos provocados pelo consumo excessivo de bebidas alcoólicas, é assinada esta terça-feira uma carta de compromisso para o triénio 2017-2020. São signatários 70 representantes de várias áreas da sociedade civil.
Além de estar entre os países que mais consomem álcool, Portugal é o primeiro na lista dos que tomam mais calmantes. E também aqui as mulheres lideram: são 70% do total de consumidores de benzodiazepinas, de acordo com dados conhecidos na segunda-feira.
[Notícia e título corrigido às 18h04. Por lapso, a Renascença referiu em título que as mulheres consumiam mais álcool do que os homens. Agradecemos a correcção aos leitores]