O navio “Open Arms” com mais de 300 migrantes resgatados do Mediterrâneo a abordo, atracou esta sexta-feira, por volta das 8h30, no porto espanhol de Crinavis, em Algeciras.
O governo espanhol autorizou o desembarque após a recusa de outros países, como Líbia, França, Itália e Malta. Embora Malta se tenha recusado a acolher este contingente de migrantes, um helicóptero da guarda costeira maltesa recolheu uma mulher e o seu filho recém-nascido do navio para receberem assistência médica.
Entre as mais de 300 pessoas agora chegadas a Crinavis, 139 são menores. De acordo com o diretor do programa para a Espanha da organização "Save The Children", Vicente Raimundo, há menores "que vêm de países em guerra, como a Somália ou a Síria, e cujas famílias escaparam de situações de fome".
É a segunda vez em menos de cinco meses que este porto espanhol recebe este navio. Em agosto passado, o “Open Arms” atracou em com 87 migrantes a bordo, incluindo 12 menores de idade.
No porto de Crinavis foi instalado, em agosto último, o Centro de Assistência Temporária para Estrangeiros (CATE), que é o destino final dos migrantes resgatados do Mediterrâneo.
O diretor do programa para a Espanha da organização "Save The Children" disse que, embora o processo de identificação seja realizado caso a caso, é provável que sejam 139 os menores a bordo, um número fornecido pela Organização Não Governamental (ONG) Proactiva Open Arms.
O responsável da Save The Children referiu que muitos dos casos identificados "passaram pela Líbia e, de acordo com as Nações Unidas, todos os migrantes que estão na Líbia passam por situações terríveis, uma vez que o sistema de receção, proteção e resgate neste país deixa muito a desejar". Acrescenta ainda que “em todos os casos estamos perante histórias realmente horríveis”.
Os voluntários da Cruz Vermelha são responsáveis pelo primeiro atendimento médico. As ONG envolvidas no processo passarão as próximas 72 horas a definir o estado de cada um dos imigrantes, dependendo de sua nacionalidade, idade e se foram ou não vítimas de tráfico de seres humanos.
O desembarque do “Open Arms” não foi aceite por parte de alguns autarcas locais, nomeadamente do presidente da câmara de Algeciras, José Ignacio Landaluce, e do presidente da comunidade de municípios do Campo de Gibraltar, Luis Angel Fernández.
Em declarações aos jornalistas, Fernández salienta que “ninguém nos pode dar lições de solidariedade para com os migrantes, nem Algeciras nem as restantes localidades da nossa região se podem transformar no lugar favorito do Governo de Pedro Sánchez para realizar esse tipo de operação".
O presidente reforça ainda que a região vê chegar todas as semanas migrantes em pequenas embarcações e que tal situação implica, entre outros aspetos, gastos adicionais para os municípios daquela zona.