A Ordem dos Médicos instaurou um processo disciplinar à equipa que estava de serviço no hospital de Leiria quando um utente morreu nas urgências, após seis horas de espera, tendo a unidade hospitalar também aberto um inquérito.
“Temos uma situação de um utente de 42 anos com uma dor torácica, que aguardou seis horas para ser atendido nas urgências, acabando por morrer com um enfarte”, disse o presidente da secção regional do Centro da Ordem dos Médicos, Carlos Cortes, à agência Lusa.
Segundo este responsável, trata-se de uma situação “muito grave”, pelo que a Ordem dos Médicos (OM) instaurou um processo disciplinar “urgente, para averiguar se houve ou não responsabilidade médica”.
“Não podemos tolerar uma situação desta gravidade”, reforçou Carlos Cortes.
Em resposta à Lusa, o Conselho de Administração do Centro Hospitalar de Leiria, do qual faz parte o Hospital de Santo André, em Leiria, informa que, “ao tomar conhecimento da situação, procedeu à abertura de um processo de inquérito para apuramento dos factos, e agirá em conformidade com as conclusões deste procedimento”.
“O Conselho de Administração lamenta o ocorrido, endereçando as suas mais sinceras condolências à família”, acrescentou.
O presidente da secção regional do Centro da OM sublinha que, tendo em conta as queixas do paciente, “era uma situação para ser atendido imediatamente”.
Não querendo avançar com qualquer hipótese sobre a forma como foi feita a triagem de Manchester, Carlos Cortes lembrou, contudo, que este método foi implantado “precisamente para os doentes não serem atendidos por ordem de chegada, mas pela gravidade da situação”.
No caso deste paciente, a triagem de Manchester atribuiu a pulseira amarela.
“Uma dor torácica à esquerda, sem razão aparente, não pode ter este tempo de espera”, avisou.
Para Carlos Cortes, “há uma certeza: houve uma falha que tem de ser averiguada”.
“A OM tudo fará para clarificar o que se passou e, se for caso disso, aplicar as sanções adequadas. O Conselho Disciplinar da OM também já pediu informação ao hospital. A população tem de ter uma mensagem de confiança. O hospital também tem de dar explicações à população”, acrescentou.