O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, quer evitar que os dados pessoais, que intitulou de "ouro digital", sejam explorados pela China, através de uma ordem executiva destinada a "proteger os dados pessoais dos americanos".
O Governo está a preparar um decreto, que deverá ser oficializado hoje, que irá "impedir a transferência em grande escala de dados pessoais dos americanos para países sensíveis e fornecer as salvaguardas necessárias" neste domínio, revelou hoje a Casa Branca citada pela agência de notícias France-Presse (AFP).
Para Washington, os "países sensíveis" são a Rússia, a Coreia do Norte, o Irão, a Venezuela, Cuba e a China, o país mais avançado no desenvolvimento de novas tecnologias e na recolha de dados a nível mundial.
Além de temer dar acesso aos dados dos americanos, Washington diz estar preocupado com o facto de esta recolha poder ser utilizada para traçar o perfil de jornalistas, ativistas, dissidentes ou opositores políticos, a fim de os intimidar ou pressionar.
Os dados considerados sensíveis pelo decreto são particularmente vastos e incluem informações sobre saúde e dados financeiros, bem como dados genoma, biométricos e de geolocalização.
"As potências estrangeiras hostis estão a utilizar como armas os dados recolhidos e as capacidades oferecidas pela inteligência artificial (IA) para atingir os americanos", denunciou o procurador-geral adjunto Matthew Olsen, em comunicado.
A Casa Branca acrescentou que "os atores maliciosos podem usar estes dados para seguir os americanos, interferir nas suas vidas pessoais e transmiti-los a corretores especializados ou a serviços de inteligência estrangeiros".
Também a porta-voz da embaixada chinesa em Washington, Liu Pengyu, reconheceu o direito de um Estado a proteger os dados pessoais dos seus cidadãos, mas defendeu que "estas medidas devem ser razoáveis e bem fundamentadas" e que "não devem ter como objetivo proibir determinados países ou empresas".
Para William Reinsch, conselheiro sénior do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS), a Casa Branca poderia "especificar quais as categorias de dados que podem ser exportadas e quais as que necessitam de uma autorização específica".
Esta decisão surge numa altura em que a recolha e, sobretudo, a utilização de dados ganha importância com o desenvolvimento da IA, bem como dos veículos elétricos e inteligentes, muitas vezes equipados com sensores que permitem a sua localização, e cujos principais intervenientes são agora os chineses.
"A venda de dados pessoais dos americanos representa um risco significativo em termos de privacidade, contraespionagem, chantagem e outros riscos para a segurança nacional", afirmou a Casa Branca.