Andamos nós aqui preocupados com a descida da natalidade e fazemos um esforço tremendo para ver em qualquer pequeno aumento uma excelente notícia, mas rapidamente percebemos que não nos devemos iludir. Afinal, são pequenas subidas que não chegam para compensar o saldo.
Por isso, o facto de no ano passado terem nascido em média mais 100 bebés por mês do que em 2017, não significa que nos possamos dar por satisfeitos. Porque a este ritmo, não vai mesmo ser possível reverter as piores previsões do declínio populacional.
O INE admite que em 2033 vamos baixar da marca simbólica dos 10 milhões.
Daqui a 30 anos, o país terá menos de cinco milhões de pessoas em idade ativa e em 2080 serão apenas 4 milhões a contribuir para o Produto Interno Bruto.
De acordo com os números da Direção-Geral de Saúde, entre as zero horas de 1 de janeiro até às 11 da manhã de 31 de dezembro de 2018 morreram mais de 114 mil pessoas. À média de 313 por dia. É o ano com mais mortes de sempre em Portugal.
Em compensação, nascem 240 bebés por dia em Portugal. E é isso que nos preocupa: o país morre mais do que nasce.
Mas há quem observe vantagens nesta tendência. Sarah Harper, investigadora da Universidade de Oxford, no Reino Unido, considera que o colapso de bebés deve ser motivo para comemoração, mesmo que isso coloque alguns países na iminência do despovoamento, Portugal incluído.
Diz esta especialista que a ideia de haver muita gente para tornar um país dinâmico é, simplesmente, antiquada. Além de que, continua, Sarah Harper, menos filhos pode também ser benéfico para o ambiente.
A justificação consta de um estudo recente que conclui que por cada filho a menos, o mundo terá sido poupado em 58 toneladas de dióxido de carbono por ano.