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Na Alemanha, as aulas já começaram nalguns estados federados, noutros ainda vão começar. Quem já voltou à escola está bastante contente com o regresso a uma certa normalidade. Antero Almeida, um português a viver em Kaiserslautern, no oeste da Alemanha, diz, pelo menos, que foi esse o caso dos seus filhos.
"Acho que foi a primeira vez que eles ficaram contentes de poder ir à escola para não estar o tempo todo presos em casa. Depois de quatro ou cinco meses sem fazer nada, a escola é a melhor coisa que pode acontecer. Ficaram todos contentes."
Antero Almeida tem dois filhos na escola, um de 14 e outro de 16 anos. Durante o pico da pandemia, a escola fechou. As aulas eram pela Internet. Depois, os filhos começaram a ter aulas presenciais na escola, semana sim, semana não. Mas a seguir vieram logo as férias. Portanto, o regresso às aulas, a tempo inteiro, é uma mudança agradável - apesar de estar tudo diferente.
"As aulas têm a situação da desinfeção, têm a situação das máscaras, têm a situação das distâncias…"
No início, as medidas estorvaram um pouco, diz Antero Almeida, embora os filhos se tenham habituado depressa: "Só nos primeiros dias é que se queixaram. Estorva, mas eles são fortes, jogam futebol, estão habituados a desafios. Quer dizer, também não têm outra solução."
Ainda assim, pais e professores na Alemanha também receiam que, com o regresso às aulas, se dê um passo atrás na contenção do novo coronavírus - principalmente, com muitos alunos a ter aulas em salas pequenas, onde é impossível manter o distanciamento físico. Afirmam ainda que é praticamente impossível controlar se todos os alunos estão a usar as máscaras correctamente. Ou que as turmas não se encontrem com outras, apesar de terem horários diferentes.
Segundo Ilka Hoffmann, do Sindicato dos Trabalhadores da Educação e Ciência (GEW, na sigla em alemão), com o regresso às aulas, vieram à tona os vários problemas na escolas alemãs.
"Em muitos estados, houve muita coisa que foi decidida de cima, sem levar em consideração a realidade no terreno e dando poucos ouvidos a professores e sindicatos. Em algumas zonas, já se voltou a encerrar escolas por causa do coronavírus - em Berlim, na Renânia do Norte-Vestfália, em Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental. Abriram-se as escolas, mesmo sem distanciamento e sem que as salas sejam suficientemente arejadas."
Os professores sentem-se como "cobaias" e é preciso mais segurança, diz o sindicato. É necessário, por exemplo, garantir um distanciamento adequado entre os alunos e que as salas de aula sejam arejadas e limpas com frequência.
"A máscara é uma proteção adicional, quando não se consegue manter o distanciamento, mas não substitui as outras medidas de higiene importantes", acrescenta Hoffmann.
O grande medo é que mais escolas tenham de fechar. Muitos pais disseram que, durante o confinamento, as crianças passaram mais tempo a ver televisão ou a jogar no computador ou no telemóvel do que a estudar ou a fazer trabalhos escolares, de acordo com um estudo do Instituto de Pesquisa Económica de Munique divulgado este mês. Voltar à situação do confinamento, com aulas pela Internet ou com a mãe ou o pai a substituir o professor em casa, seria não só mau para os pais (que têm de acompanhar permanentemente os filhos), como também para os próprios alunos.