Com base na análise às previsões da Comissão Europeia, que reviu em alta o crescimento do PIB para 2,4% este ano, colocando Portugal no top 3 dos países da zona euro com maior taxa de crescimento, o comentador d’As Três da Manhã considera que há condições para o Governo implementar mais políticas de apoio social.
“Haverá mais condições”, diz João Duque, argumentando que “um dos grandes impostos, o maior imposto, que beneficia imenso com a inflação é o IVA, porque, quando aumentam os preços, aumenta automaticamente o IVA e a sua receita”.
“Há espaço. Não tenho a certeza de que o ministro das Finanças queira fazer essa redistribuição, através dessas transferências”, assinala.
O comentador chama a atenção para “uma outra coisa que cada vez é mais visível em Portugal”, que é a “diferença entre o PIB e o chamado PNB, a diferença entre o I e o N”.
“Uma é interna e a outra é nacional. Uma coisa é o que é gerado em Portugal, e outra coisa é o que fica na mão dos portugueses. Cada vez há mais rendimento que é gerado em Portugal, que não fica na mão dos portugueses”, assinala.
Questionado sobre o porquê de os portugueses não estarem a sentir os efeitos positivos da economia, João Duque diz que, “em primeiro lugar, estamos a falar de uma previsão para um ano e nós ainda só estamos em maio; em segundo lugar, porque as famílias são aumentadas em janeiro, normalmente, e depois ficam com o rendimento estabilizado durante o resto do ano”.
“À medida que o ano passa, vão sofrendo as consequências de dois efeitos que agora são muito visíveis em Portugal, que ainda é inflação, e note-se que, apesar da inflação estar a diminuir de mês a mês, isso não significa que os preços, face ao ano anterior, estejam a diminuir. Aliás, para a maioria dos portugueses, o último indicador ainda está muito acima daquilo que foi o seu aumento em janeiro e, portanto, as pessoas têm dificuldades cada vez mais acrescidas e, ainda por cima, com a subida das taxas de juro, de facto, o rendimento disponível mês a mês, vai diminuindo”, explica.