Caso Cabrita. "António Costa gosta de queimar os seus ministros como forma de se isentar de responsabilidades"
16-12-2020 - 19:51
 • José Pedro Frazão

Paulo Rangel, do PSD, acredita que vai repetir-se o mesmo filme que afastou Constança Urbano de Sousa e Azeredo Lopes do Governo. Já José Luís Carneiro, do PS, defende o ministro da Administração Interna, mas admite que o apoio à família do ucraniano morto no aeroporto de Lisboa foi tardio.

O eurodeputado do PSD Paulo Rangel acredita que Eduardo Cabrita vai acabar por se demitir do Governo. No programa "Casa Comum" da Renascença, o dirigente social-democrata diz que António Costa está a seguir um padrão de comportamento que passa por prejudicar a posição dos ministros em benefício do chefe de Governo.

" Eduardo Cabrita ainda vai ter que se demitir. Está a fazer uma coisa que já vimos. Aconteceu com Tancos, com a ministra [Constança Urbano de Sousa] nos incêndios. O Primeiro-Ministro António Costa gosta de queimar os seus ministros como forma de se isentar das suas responsabilidades. Disse isso sobre a anterior MAI e sobre Tancos. Insiste com eles para ficarem porque é a forma de ele também aligeirar as suas responsabilidades, o que também lhe fica muito mal", afirma Paulo Rangel no programa "Casa Comum" da Renascença onde acrescenta que se Cabrita tivesse apreseentado a demissão " também era reconhecido de outra maneira".

O eurodeputado social-democrata admite grandes dificuldades para Eduardo Cabrita na Presidência Portuguesa da União Europeia e fala mesmo numa "situação terrível" em que o ministro português se vai encontrar.

" Uma das pessoas que mais contribuíram para que a situação tivesse este desenlace nos últimos 15 dias foi a comissária europeia destas matérias. Quando ele vier negociar o novo pacto para as migrações, não pense que os deputados europeus não vão dizer que ele é responsável por um serviço e que teve 9 meses para tomar qualquer decisão", avisa Rangel.

Já José Luís Carneiro reconhece que o apoio à família do ucraniano assassinado no Aeroporto de Lisboa foi tardio, mas considera que Eduardo Cabrita fez o que devia ter feito no processo.

" O Estado de Direito pressupõe procedimentos, nomeadamente a abertura do inquérito, o apuramento de responsabilidades e a comunicação para o Ministério Público, tendo em vista avaliar os procedimentos. Outra dimensão tem a ver com o apoio à família. Esse apoio devia ter sido imediato no contacto e na disponibilização dos meios fundamentais para esse apoio", observa o deputado do PS .

O secretário-geral adjunto do PS defende ainda que o director nacional da PSP não devia ter proposto a fusão da PSP e do SEF, como fez à saída de uma reunião com o Presidente da República em Belém.

" Tratando-se de uma personalidade que todos reputam de competente e de elevado sentido de serviço público, não se deviaa ter pronunciado sequer. E ao pronunciar-se, não fazê-lo nos termos em que o fez", critica o número dois do aparelho socialista.