O primeiro-ministro, António Costa, considera que pedido de injeção de capital pelo Novo Banco de 600 milhões de euros ultrapassa manifestamente a avaliação das necessidades.
No final da visita ao pavilhão multiusos de Odivelas onde decorre a vacinação de professores e não docentes este fim-de-semana, António Costa disse que o pedido de auxílio será avaliado, mas deixou um recado: "É um pedido que será devidamente apreciado com o Ministério das Finanças como ontem já disse. Manifestamente ultrapassa a avaliação que se faz sobre as necessidades e aquilo que é devido. Mas isso é outro filme".
Na sexta-feira, o Novo Banco registou um prejuízo de 1.329,3 milhões no ano passado, indicam os resultados divulgados esta sexta-feira pela Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM). A instituição vai pedir ao Fundo de Resolução uma injeção de capital de 598,3 milhões de euros. O prejuízo de 1.329,3 milhões de euros em 2020 representa um agravamento face aos 1.058,8 registados em 2019.
Sobre este assunto, o PCP considerou este sábado o pedido do Novo Banco uma “afronta aos milhares” de portugueses em dificuldades económicas, por causa da covid-19, e defende que deve ser “liminarmente rejeitado” pelo Governo.
"Não podemos aceitar uma situação em que o Estado paga, mas quem gere e fica com os lucros é o privado... provavelmente com uma venda que se realizará a um qualquer grupo bancário internacional”, afirmou à Lusa o deputado comunista Duarte Alves.
O PCP, lembrou, "não aceita" que seja entregue “nenhuma verba” ao Novo Banco, ainda mais violando o que está na versão final do Orçamento do Estado, e defendeu a necessidade de recuperar um controlo público do banco “para ir atrás do dinheiro que já lá foi entregue, acabar com os desmames da atual administração e também colocar o banco ao serviço do país".
Duarte Alves aguça a critica ao Governo, que acusa de não fechar a porta a mais injeções no Novo Banco, ao recordar que, ainda na sexta-feira, foram conhecidos "subterfúgios" do executivo para "procurar não concretizar" medidas de reforço de apoios sociais alegando questões orçamentais.
"Depois, vemos também que se procura contornar o que foi aprovado no orçamento para procurar injetar este verba no Novo Banco. Portanto há aqui também dois pesos e duas medidas", acrescentou.
O deputado reafirmou a posição do PCP de que o Novo Banco "não pode continuar a ser um buraco sem fundo” de recursos públicos, e que o pedido de mais 598,5 milhões de euros - comunicado há um dia à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) - só dá razão ao PCP, que há muito defende a nacionalização do banco.
“É inaceitável. O banco tem de ser colocado ao serviço da economia e do país”, insistiu, lembrando a posição do PCP sobre o destino Os lucros, depois de o Estado suportar os prejuízos.