Dois meses depois do início da erupção de Cumbre Vieja na ilha de La Palma, nas Canárias, o vulcão continua em atividade e para trás já deixou uma onda de destruição.
As últimas contas revelam prejuízos de pelo menos 700 milhões de euros. A lava deste vulcão - que provocou mais de cinco mil terremotos - já ocupa quase 900 hectares, tendo destruído perto de dois mil edifícios.
Sete mil pessoas foram deslocadas, naquela que é a erupção mais destrutiva no arquipélago desde 1712 e a oitava desde que existem registos.
Para o vulcanólogo Vitor Hugo Forjaz, a surpresa não está na duração da erupção, mas no seu poder de destruição. “Nunca pensei que este vulcão tivesse o poder de destruição que teve e que ainda tem em parte”, afirma à Renascença.
O antigo professor Catedrático do Departamento de Geociências da Universidade dos Açores, acrescenta que “o número de desalojados, a área afetada, o poder dos gases e das lavas neste estilo eruptivo tem sido realmente uma surpresa”.
A energia do sistema eruptivo do vulcão continua a mostrar uma tendência descendente nos últimos dias, mas a erupção, iniciada a 19 de setembro, não vai terminar no curto prazo segundo os especialistas.
De acordo com María José Blanco, a porta-voz científica de Plano de Emergência Vulcânica das Canárias (Pevolca), que coordena as atuações relativas à erupção, o vulcão “perdeu energia”, dando conta que se verifica “uma diminuição de todos os parâmetros usados para monitorizar a atividade do vulcão, sobretudo a sismicidade, a deformação do solo e a emissão de dióxido de enxofre (SO2)”.
Tratando-se de uma tendência "lenta" espera-se que continue a decrescer e possa "chegar a níveis mais baixos" de erupção.
A menor quantidade de lava é visível. A explosividade do cone, porém, provoca deslizamentos constantes que alteram a trajetória das línguas, o que faz com que, dois meses depois, a erupção já tenha acumulado até 12 fluxos diferentes, cada um com seu próprio histórico de destruição.
O presidente do Governo de Espanha, tem prevista uma nova deslocação a La Palma no sábado. Será a sétima de Pedro Sánchez desde 19 de setembro.
Logo na terceira deslocação à ilha, o Presidente anunciou um "poderoso pacote de medidas" para a reconstrução de infraestruturas, restauração do abastecimento de água, investimentos em emprego, habitação, agricultura, turismo e diversos benefícios fiscais.
O valor total da ajuda é de 206 milhões de euros. A este montante somam-se os 40 milhões que o Governo das Canárias já atribuiu numa primeira fase e os 10,5 milhões para habitações e artigos de primeira necessidade aprovado na última terça-feira. O Governo regional também incluirá nos seus orçamentos para 2022 uma rubrica extraordinária de 100 milhões para iniciar a reconstrução da ilha.