Um dia depois de ter sugerido que as ONGs são culpadas pelos incêndios que há mais de duas semanas consomem a floresta da Amazónia, Jair Bolsonaro recorreu às redes socias para responder às críticas internacionais de que tem sido alvo, desde o início da semana.
O Presidente do Brasil nega a “caridade” da comunidade internacional e acusa-a de servir falsos interesses que atingem “a soberania” do Brasil.
“Quando se fala do Fundo Amazónia e que vinha dinheiro de fora [apoio financeiro da Alemanha e Noruega], mais ou menos 40% disso ia para ONGs. É dinheiro na mão de pessoas que não trabalham para o bem do Brasil, em grande parte, trabalham para atender os interesses de quem lhes paga”, acusou Bolsonaro no Facebook.
“Esses países que mandam dinheiro para cá não mandam por caridade, mandam para cá com interesse de atingir a nossa soberania” acrescentou.
Entre os principais alvo das críticas do chefe de Estado brasileiro está o presidente francês, que na quinta-feira apelou à discussão dos incêndios na Amazónia na cimeira do G7, que se realiza este fim de semana em Biarritz, sudoeste de França, afirmando que se trata de uma "crise internacional".
“A sugestão do presidente francês, de que assuntos amazônicos sejam discutidos no G7 sem a participação dos países da região, evoca mentalidade colonialista descabida no século XXI”, escreveu na mesma rede social.
“O tom sensacionalista com que se refere à Amazônia (apelando até p/ fotos falsas) não contribui em nada para a solução do problema”, acusou Bolsonaro.
“Estou profundamente preocupado com os incêndios na floresta amazónica. Em plena crise climática global, não podemos permitir mais danos a uma fonte importante de oxigénio e biodiversidade. A Amazónia tem de ser protegida”, escreveu na conta oficial do Twitter.
O Observatório do Clima, que reúne cerca de 50 organizações não-governamentais (ONG) ambientais do Brasil, disse esta quinta-feira que a "irresponsabilidade" de Jair Bolsonaro perante o "património brasileiro", "a saúde da população amazónica" e "o clima do planeta" se reflete "no recorde de queimadas no país".
No início do mês, a Noruega e a Alemanha suspenderam o financiamento de projetos de contenção da desflorestação no Brasil depois de avaliarem as mudanças no processo de seleção desde que Bolsonaro assumiu funções.