O substituto da Secretaria de Estado do Vaticano defende a necessidade de retomar a lógica da escuta.
Numa conferência sobre “A Igreja e o futuro do mundo na pós-pandemia”, esta sexta-feira à noite, na Casa Diocesana de Vilar, no Porto, Dom Edgar Peña Parra sublinhou que “a experiência da fé é sempre uma experiência de se fazer ao largo, ousar, abrir, e não fechar nem fechar-se. Uma Igreja que se abre, não significa uma Igreja que se rende à mentalidade do mundo, mas uma Igreja que retoma a sua vocação primordial de ser fermento, sal, luz”.
Tomando as palavras do Papa, para se referir ao desafio que têm sido estes dois anos de pandemia, Dom Edgar, fala de um tempo que “baralhou o jogo”, pondo em causa as prioridades da sociedade e levando a Igreja a questionar a forma de se comunicar à comunidade.
“Devemos recuperar a lógica da escuta, e fez-nos perceber que o modelo de Igreja e de anúncio a que estávamos habituados precisa de ser repensado justamente a partir daquilo que aconteceu. Por isso mesmo, devemos recuperar a lógica da escuta”, sublinhou.
Para o arcebispo venezuelano, o maior contributo dos cristãos é não se deixarem vencer pelo pessimismo generalizado e sem esperança, a reboque do quadro pandémico.
“Só assim se consegue entender a insistência do Papa Francisco no tema do diálogo. Não se trata simplesmente duma lógica estratégica de convivência, nem apenas de chegar a um compromisso para se obter o fim do conflito. Só é possível dialogar, se se estiver convencido da presença de Deus em toda parte, da sua presença em toda a experiência autenticamente humana, embora nem sempre de forma palpável. É precisamente através do diálogo, da relação, da amizade que se consegue descobrir este bem escondido por todo o lado”, anotou.