O mau tempo registado em Portugal na última noite provocou um total de 1.977 ocorrências, destacando-se o distrito de Lisboa com 913, anunciou esta quinta-feira Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil.
Em conferência de imprensa esta manhã em Carnaxide (Lisboa), da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) para fazer o ponto da situação sobre o mau tempo em Portugal, André Fernandes, referiu que os dados que indicou são "provisórios", porque ainda há cerca de "200 ocorrências em aberto".
Maioritariamente, as ocorrências são inundações em via urbana e inundações de habitações, segundo o comandante.
"Houve um total de meios envolvidos de 4.247 operacionais dos diferentes agentes de Proteção Civil, com uma grande percentagem dos corpos de bombeiros e um total de 998 meios terrestres", indicou.
O mau tempo registado na Grande Lisboa provocou 27 desalojados - nove em Odivelas, seis na Amadora e 12 em Loures - que estão instaladas em zonas de apoio à população.
A Câmara de Loures vai pedir ao Governo para declarar o estado de calamidade no município, disse à Lusa fonte da autarquia, na sequência dos estragos provocados pelo mau tempo.
O município está a avaliar os danos nas infraestruturas e nas habitações em Loures, sendo que se registava até às 13h30 cerca de 25 pessoas com as casas atingidas, e, deste grupo, seis passaram a noite no Pavilhão Paz e Amizade.
O mau tempo provocou estragos nas localidades atravessadas pela Estrada Nacional 8, que atravessa Póvoa de Santo Adrião (no concelho de Odivelas), Flamenga, Santo António dos Cavaleiros e Frielas (no concelho de Loures).
O presidente da Junta de Freguesia de Olival Basto/Póvoa de Santo Adrião, Rogério Breia (PS), disse esta manhã à Lusa que a EN8 está "praticamente intransitável", devido à presença de lama, lixo e caixotes.
Às 8h45, o município de Loures, no distrito de Lisboa, indicou na sua página de 'Facebook' o registo de cerca de 160 ocorrências e 22 desalojados devido à chuva forte da última noite.
Em Odivelas, a Câmara ativou a Zona de Concentração e Apoio à População (ZCAP), tendo acolhido os nove desalojados. No concelho, registaram-se "cerca de 185 ocorrências", entre as quais "inundações e cheias, deslizamentos de terras e colapso de árvores e muros", afirmou o município, em comunicado enviado à agência Lusa.
No entanto, até ao momento, foram apenas registados danos materiais, realçou.
De acordo com a autarquia, há "constrangimentos em algumas vias do concelho", apelando ao cuidado e atenção de todos os munícipes "hoje e nos próximos dias".
No terreno, "estiveram vários serviços da autarquia, acompanhados do presidente da Câmara, dos vereadores da proteção civil e da coesão social, dos presidentes das juntas de freguesia e de muitos operacionais das três corporações de bombeiros do concelho", acrescentou o município, no comunicado.
Já na Amadora, os residentes do Casal de São Vicente, retirados de casa durante a madrugada devido aos efeitos do mau tempo, puderam regressar esta manhã às suas habitações, indicou a Proteção Civil Municipal.
Devido a um deslizamento de terras a cerca de 200 metros das habitações do bairro, as autoridades retiraram por precaução cerca de 100 pessoas a partir das 1h00 de hoje, mas o comandante da Proteção Civil da Amadora, Luís Carvalho, disse à Lusa que os moradores começaram a regressar a partir das 11h30.
"Há condições para as pessoas voltarem", assegurou Luís Carvalho, após uma avaliação realizada pelas equipas municipais esta manhã.
A retirada dos moradores do Casal de São Vicente, na freguesia de Mina de Água, levou a que duas pessoas passassem a noite no antigo mercado de Carenque, ponto municipal de resposta face à situação de mau tempo vivida na Grande Lisboa.
Por este espaço chegaram a passar mais quatro pessoas durante a noite, mas Luís Carvalho explicou que depois conseguiram encontrar elas próprias realojamentos.
O comandante municipal indicou à Lusa, ao início da tarde, que não existem vias intransitáveis no concelho e que a situação na estação de comboios da Amadora já foi normalizada, local que, durante a madrugada, chegou a ter água com um metro de altura.