A melhor resposta à discussão entre peregrinos da JMJ por causa de uma bandeira que representa a comunidade transgénero é a do Papa Francisco, diz a organização da Jornada Mundial da Juventude.
Questionada pelos jornalistas acerca do momento, partilhado nas redes sociais, em que uma peregrina foi confrontada após erguer uma bandeira trans na cerimónia de abertura evento, a porta-voz da JMJ lembrou as palavras do Papa Francisco, “quando disse que a Igreja não é uma alfândega” e acolhe “todos, todos, todos”.
Em conferência de imprensa, esta quinta-feira, Rosa Pedroso Lima garantiu ainda que a informação que chegou à organização sobre o incidente indica que foram “os próprios membros da organização que acautelaram a situação e deixaram a pessoa em causa abrir a bandeira”.
Na cerimónia de acolhimento no Parque Eduardo VII, no dia 3 de agosto, a reportagem da Renascença testemunhou a presença de bandeiras representativas da comunidade LGBTQ+, sem que provocassem qualquer reação negativa nos peregrinos em volta.
Esta sexta-feira, foi publicada uma entrevista ao Papa Francisco à revista católica espanhola “Vida Nueva”, em que o Santo Padre reafirma que “os transsexuais são filhos de Deus”.
Na entrevista, Francisco diz não estar interessado em críticas sobre a receção a transsexuais nas audiências gerais semanais no Vaticano, à quarta-feira.
“A primeira vez que me viram saíram a chorar, a dizer que eu tinha dado a mão e um beijo. Como se tivesse feito algo excecional, mas elas são filhas de Deus. Ele continua a amar-te da maneira que és. Jesus ensina a não estabelecer limites", declara.
Organização não agiu no caso do cartaz em Oeiras
Já sobre o cartaz que protesta contra os abusos sexuais no seio da Igreja Católica, colocado em Algés e retirado, horas depois, pela Câmara Municipal de Oeiras, a porta-voz da JMJ afirma que a organização não teve “nenhuma ação” junto do município.
“Não é da nossa responsabilidade, e confiamos naturalmente em todas as entidades competentes”, acrescentou.
O movimento “This is our memorial” (Este é o nosso memorial) nasceu no Twitter e, através de uma recolha de fundos, colocou três cartazes alusivos aos abusos sexuais no seio da Igreja Católica, mencionando as 4.800 vítimas estimadas no relatório da Comissão Independente que estudou o tema.
Entretanto, a autarquia liderada por Isaltino Morais recolocou o cartaz, esta quinta-feira, noutro local do município.