"Conheço a vossa paixão, o vosso amor pelo que fazem e o vosso esforço”, disse esta segunda-feira o Papa dirigindo-se, em audiência a 150 vaticanistas.
“A vossa tarefa é muito importante. Quanta necessidade há de, por um lado, saber e contar e quanta necessidade há, por outro lado, de cultivar um amor incondicional pela verdade.”
Francisco recebeu, pela primeira vez na Sala Clementina, um grupo de 150 jornalistas com acreditação permanente na Sala de Imprensa da Santa Sé, que integram a Associação Internacional de Vaticanistas e que, habitualmente, viajam com o Papa.
“Ser jornalista é uma vocação, um pouco como a de um médico, que escolhe amar a humanidade curando-lhe as feridas. O mesmo acontece, num certo sentido, com o jornalista, que escolhe tocar com a mão nas feridas da sociedade e do mundo”, disse.
O Santo Padre expressou aos jornalistas a sua gratidão, “não só pelo que escrevem e transmitem, mas também pela vossa perseverança e paciência em acompanhar, dia após dia, as notícias que chegam da Santa Sé e da Igreja, descrevendo uma instituição que transcende o ‘aqui e agora’ e as nossas próprias vidas”.
Francisco agradeceu o esforço que implica manter um olhar “que sabe ver por trás da aparência, que sabe apreender a substância, que não quer ceder à superficialidade dos estereótipos nem às fórmulas pré-fabricadas de informação-espetáculo que, na difícil busca da verdade, preferem a fácil catalogação de factos e ideias segundo esquemas pré-estabelecidos”. E encorajou os profissionais presentes a avançarem por um caminho “que combina informação com reflexão, o falar com o escutar, o discernimento com o amor.”
O Papa lamentou que os media tendam a distorcer as notícias religiosas, quer através da exaltação ideológica, quer no desinteresse ou no registo meramente espetacular. A consequência disto “é uma dupla deformação da imagem da Igreja”, afirmou.
“Olha a portuguesa!”
Nesta audiência, Francisco sublinhou ainda que a beleza do trabalho dos vaticanistas, sempre à volta do sucessor de Pedro, “assenta na rocha sólida da responsabilidade na verdade e não nas areias frágeis da tagarelice e das leituras ideológicas; consiste em não esconder a realidade nem mesmo as suas misérias, sem adoçar as tensões, mas ao mesmo tempo sem fazer ruídos desnecessários e sempre tentando captar o essencial, à luz da natureza da Igreja".
O Papa agradeceu também os sacrifícios que implica seguir o sucessor de Pedro por todo o mundo, com pesados horários e trabalhando com frequência aos domingos e feriados. “Devo pedir-vos desculpas pelas vezes em que as notícias que me preocupam de diversas maneiras vos afastaram das vossas famílias, de brincar com os vossos filhos, de passar tempo com os maridos ou as mulheres”, afirmou.
Por fim, cada um dos presentes saudou pessoalmente o Papa. “Olha a portuguesa!”, disse Francisco, sorridente, ao saudar a jornalista da Renascença. Há 35 anos, desde 1989, que a Emissora Católica Portuguesa mantém acreditação permanente na Sala de Imprensa da Santa Sé.