A preocupação com a pressão no atendimento dos hospitais das Misericórdias começou a sentir-se antes do Natal e ganhou maior dimensão nos últimos dias, com alguns responsáveis a admitir tempos de espera para consulta superiores a três horas. E a ponderar mesmo a contratação de médicos para fazer face a esses tempos de espera que habitualmente nunca eram superiores a uma hora.
Numa troca de informação entre responsáveis pelas unidades de saúde das Misericórdias, a que a Renascença teve acesso, um provedor revelava que num determinado dia, pouco antes das duas da tarde tinha quase 60 doentes em espera e que o tempo para atendimento estava “nas quatro horas”. Esse responsável dizia que estavam constantemente a chegar doentes de outros hospitais e lamentava não “poder fazer nada, mesmo reforçando o número de médicos”.
Noutro caso, um outro provedor também partilhou a sua preocupação com “a afluência ao SAP (Serviço de Atendimento Permanente)” em que já se tinha ultrapassado o que “está no contrato programa “estabelecido com o Ministério da Saúde". O responsável admitia “milhares de consultas efetuadas sem receber, sem ser compensados por isso” e afirmava que, se cobrassem alguma coisa aos utentes, “o Ministério da Saúde vai dizer que quebramos o acordo e vai querer denunciá-lo”.
Perante este conjunto de preocupações, um outro responsável perguntava se não seria melhor “fazer chegar a situação ao Diretor Executivo do SMS e solicitar alguma resposta?”.
De acordo com fonte da União das Misericórdias Portuguesas (UMP), os hospitais do setor social “nunca antes viveram uma situação idêntica há que agora se verifica”. A nossa fonte referiu mesmo que os serviços de saúde das Misericórdias estão “a substituir os hospitais do SNS” e lamentou o facto de não serem compensados por isso.