A escritora Leonor Xavier morreu no domingo, aos 78 anos, no Instituto Português de Oncologia, em Lisboa, onde estava internada desde novembro, avançou esta segunda-feira Guilhermina Gomes, editora e amiga da autora.
De acordo com a editora, o estado de saúde de Leonor Xavier, que sofria há anos de um cancro, agravou-se no dia 1 de dezembro.
O velório decorre esta segunda-feira a partir das 17h00 na Capela do Rato, em Lisboa.
A missa de corpo presente terá lugar na terça-feira, no mesmo local, estando ainda por confirmar o cemitério para onde seguirá o funeral.
Biógrafa de Maria Barroso e de Raul Solnado, a Leonor Xavier venceu em 2016 o Prémio Frei Bernardo Domingues com o livro "Passageiro Clandestino", uma obra em que relatou a sua experiência como doente de cancro.
Com a obra "Casas Contadas" recebeu também o prémio Máxima de Literatura em 2010.
Entre as suas obras contam-se também os romances “Ponte-Aérea”, “O Ano da Travessia”, “Botafogo”, os ensaios “Contributo para a história dos portugueses no Brasil”, “Portugal, Tempo de Paixão”, “Portugueses do Brasil e brasileiros de Portugal” e as crónicas “Colorido a Preto e Branco”.
Jornalista, Leonor Xavier viveu no Brasil entre 1975 e 1987, onde foi correspondente do Diário de Notícias.
A 23 de abril de 1987, foi agraciada com o grau de Oficial da Ordem do Mérito.
Em 2017, no centenário das Aparições de Fátima, a autora lançou o livro "Peregrinação - Testemunhos que nos unem". A obra inclui 70 testemunhos de 35 homens e 35 mulheres de personalidades à volta da palavra "peregrinação" – de Ana Zanatti a Jaime Nogueira Pinto, de Pedro Abrunhosa a Lídia Jorge.
Em entrevista à Renascença por ocasião do lançamento da obra, Leonor Xavier falou do Brasil, onde se fez jornalista, da presença da ideia de peregrinação na cultura portuguesa e do cancro, que lhe deu uma "certa consciência do sabor da vida".
"Eu fiz um curso de Letras, e depois, sou jornalista. Vivi no Brasil e fiz muitas entrevistas na minha vida. Chamam-me "garimpeira de gente" lá no Rio e eu acho muito interessante poder gravar – não é com uma máquina, é registar –, não deixar que se percam os discursos diretos das pessoas", dizia na altura Leonor Xavier.
Para editora Guilhermina Gomes, responsável editorial do Círculo de Leitores e da Temas e Debates, onde Leonor Xavier publicou algumas das suas obras, incluindo a última, “Há laranjeiras em Atenas” (2019), a morte da escritora representou não só a perda de uma “querida autora”, mas também de “uma grande amiga” e de uma “mulher extraordinária”.
Manifestando-se “profundamente triste”, Guilhermina Gomes disse que estava em preparação um livro, a que Leonor deu o título “Adolescência”, mas que “infelizmente não o chegará a ver”. A obra será futuramente publicada, adiantou.
O embaixador Francisco Seixas da Costa também já lamentou a morte da escritora Leonor Seixas, através de uma mensagem publicada nas redes sociais.
“Partiu a Leonor Xavier. Foram anos de luta corajosa contra o “passageiro clandestino” que lhe rondava as horas. Há meses, escrevi aqui este texto sobre ela. Hoje, neste dia de tristeza, fico contente pelo facto de ela ter podido lê-lo e apreciado, como me disse”, sublinha Seixas da Costa.
[notícia atualizada às 14h55]