Estaciona o carro, vai ao bolso procurar uma moeda e retira um carrinho de compras, antes de se dirigir para uma das entradas de uma grande superfície comercial na Amadora.
"É inconcebível, mas enfim, é o que temos e é aquilo em que temos de alinhar, não há hipótese", diz António Dias, à Renascença, que lembra que já no ano passado, o preço do azeite tinha começado a subir. Mas este ano, atingiu valores recorde, superiores a 75%, fazendo com que atualmente, um litro de azeite custe, em média, 10 euros.
Como se não bastasse, também o bacalhau está mais caro, com o preço a subir também desde 2022.
Ainda assim, Alexandra Santos vai ter na ceia de Natal "um bacalhauzinho", bem regado com um azeite que já comprou. Mas teve de cortar nas despesas.
"Eu costumo dar prendas aos meus filhos e aos meus netos, mas este ano não dou, porque há muita despesa. Pagar as contas e a comida, é o que o dinheiro dá para fazer", afirma.
Abriga-se por momentos da chuva miudinha que começa a cair com um dos sacos ainda vazios de compras. Joana Matos também segue o mesmo princípio.
"Vou tentar ter uma mesa um bocadinho mais farta, mas contive-me mais nas prendas que vou oferecer", diz. Porque o importante é dar valor ao que interessa, que "é estar com a família, em convívio".
Mas é um convívio que sai caro, como adianta. "São valores muito elevados, muitos deles não se justificam. E quem acaba sempre por ser penalizado é o consumidor".
Já Lídia Carvalho é da opinião que vai ser tudo mais ou menos igual - apesar da conjuntura. Porque as pessoas, diz, "ainda não estão convencidas que isto, realmente, está uma lástima e vai ficar cada vez pior".
Por isso, "as pessoas acabam por comprar mais ou menos o de sempre. Não vão com certeza abolir a mesa de Natal".
Em algumas, o bacalhau não entra no Natal. como na casa de Elisabete Rodrigues. "O meu Natal é diferente. Eu faço as coisas da minha terra, Cabo Verde. Eu prefiro ter à mesa atum ou algum peixe de lá". Com arroz a acompanhar, diz à Renascença.
O azeite "que subiu muito", também entra na confeção.
De braço dado com a mãe, Paula Ramos aproxima-se. Diz que a ceia de Natal "vai ser igual a de todos os anos, no prato" - e solta de imediato uma gargalhada depois da piada rápida que acaba de fazer.
Mas depois, mais séria, assegura que pode ter uma ceia de Natal farta, porque ao contrário de muitos, pode.