Manifestantes do movimento “coletes amarelos” franceses entraram este sábado em confronto com a polícia de choque junto ao Arco do Triunfo, em Paris, no início do seu 18.º fim de semana de manifestações contra o presidente Emmanuel Macron.
Apesar de o número de manifestantes ter diminuído nos últimos fins de semana, os organizadores esperam que os seus mais recentes protestos possam dar nova vida ao movimento que decorre desde há quatro meses contra um presidente visto como favorecedor da classe de elite.
De acordo com os últimos dados das autoridades, registaram-se entre 7 a 8 mil manifestantes, entre os quais se incluem 1.500 classificados como "ultra violentos".
Os manifestantes lançaram bombas de fumo, petardos e outros objetos contra os agentes ao longo da avenida dos Campos Elísios - cenário de repetidos tumultos - e começaram a bater nas janelas de uma carrinha da polícia, enquanto outros ergueram barricadas.
Segundo o relato de um português em Paris, Fernando Engler, o protesto acabou por tomar o rumo que as autoridades mais temiam. o cortejo de manifestantes dividiu-se, havendo neste momento duas frentes de manifestações: uma na Praça da Madalena e outra nos Campos Elísios.
O dispositivo da polícia de choque recuou, assim como um canhão de água, com os manifestantes a pontapear a lateral do grande camião.
Mais tarde, gás lacrimogéneo e o canhão de água foram usados pelas autoridades numa rua lateral para tentar afastar os manifestantes agrupados entre duas lojas.
Mais de 30 pessoas detidos em Paris
Num bairro próximo, onde um outro grupo de protesto se reuniu, foi visto um veículo em chamas por um jornalista da AP.
A polícia de Paris disse à agência AFP que 31 pessoas foram detidas até às 10h30 locais (09h30 em Lisboa).
Preparando-se para um potencial aumento do número de manifestantes e de violência, a capital francesa distribuiu hoje mais polícias do que nos fins de semana anteriores. A polícia fechou várias ruas e espalhou-se pela margem direita do rio Sena.
Grupos de "coletes amarelos" representando professores, desempregados e sindicatos estavam entre os que organizaram hoje dezenas de manifestações e marchas na capital e por toda a França.
As ações marcam o fim de um debate nacional de dois meses que Macron organizou para responder às preocupações dos manifestantes.
Os manifestantes classificam o debate como vazio e consideram-no uma jogada de campanha de Macron a pensar nas eleições para o Parlamento Europeu, em maio.
Os “coletes amarelos” protestam contra os altos impostos e contra as políticas de Macron, que consideram estar a proteger as grandes empresas.
No seu apelo 'online' para os protestos de hoje, os organizadores afirmam pretender que o dia sirva como um "ultimato" ao “Governo e aos poderosos".
Cerca de 5.000 homens e seis veículos blindados das autoridades policiais estão mobilizados para a capital, onde também estão previstas várias outras manifestações, em particular uma "Marcha do Século" para o clima.
Demonstrações de "coletes amarelos" também estão previstas para a província de Bordeaux (sudoeste), para Lyon (centro-leste) e Montpellier (sul).