Não foi Adriano Moreira, o homenageado deste Congresso, não foi Adelino Amaro da Costa, o mítico quase-líder, não foi Paulo Portas, o mais amado e odiado presidente do partido, não foi Assunção Cristas, a ambiciosa descomplexada que quer ser primeira-ministra …. Não, não foi nenhum destes nomes o mais pronunciado e aplaudido nome do 27º Congresso do CDS que termina este domingo em Lamego.
Esse nome foi o de Francisco Rodrigues dos Santos, o presidente da Juventude Popular alcandorado a estrela da sua companhia devido a uma referência a que se candidatou na revista “Forbes”. E “Chicão” – a sua alcunha na JP e no partido – deve ter sido o segundo nome mais ouvido.
O próprio – que chegou a ser anunciado por Luís Queiró, o presidente do Congresso como “Francisco Forbes Rodrigues da Silva” – fez duas intervenções no Congresso. E montou toda uma estratégia que acabou por levar a sessão de sábado até à madrugada de domingo.
“Quero saudar o Francisco Rodrigues dos Santos ….. quero saudar o nosso querido Chicão … venho aqui apoiar a lúcida e corajosa moção da Juventude Popular, brilhantemente apresentada pelo Francisco …… temos de voltar a ter uma representação da JP no Parlamento …. O Francisco merece estar na Assembleia da República” – dezenas de militantes com um autocolante da Juventude Popular ao peito foram desfiando como que um estribilho a que nem Adolfo Mesquita Nunes conseguiu pôr termo quando, no seu discurso, garantiu a “Chicão” uma cadeira de deputado.
Até parece que a promessa fez redobrar a insistência e fez quebrar a intenção de terminar o primeiro dia de Congresso antes da meia-noite. Seria praticamente histórico, dada a tradição deste partido em prolongar congressos madrugada fora.
A hora prevista para o encerramento do debate sobre as moções era 23h30. Pelas 22h, se todos os inscritos falasssem e usassem os seus três minutos ainda seriam necessárias sete horas de resistência. Pela meia-noite, Luís Queiró colocou a votação um requerimento a impor a 1h como hora de encerramento do debate. E lançou o caos como só as noite de congressos do CDS conhecem. Uma primeira votação não permitiu perceber o resultado, foi preciso votar fila a fila, contar os votos de calculadora na mão para concluir que, afinal, o requerimento cuja assinatura nem se percebia bem tinha sido chumbado e todo o processo para encurtar o congresso o tinha demorado mais uns bons 45 minutos.
Seguiram-se mais e mais intervenções, nove em cada dez da JP. E apareceram críticas inclusive à líder do partido por ter querido um congresso tão curto, de apenas dia e meio. Assunção acabou por se justificar: foi para não sair tão caro e não ser preciso duas noites fora de casa. Mas anunciou já que, daqui a dois anos, o congresso será de dois dias e pediu aos militantes para começarem a “pôr algum dinheiro de lado” para as despesas.
Pelas 3h acabou o debate das moções. Mas ainda era preciso encerrar e, portanto, os oito subscritores ou seus representantes das oito moções de estratégia global voltaram ao palco. E, entre eles, desta vez “Chicão” deu a vez a outro Francisco, Francisco Tavares, secretário-geral da JP, que não deixou de saudar o “caro Francisco Rodrigues dos Santos”. Metade dos congressistas levantou-se e gritou “JP! JP!”. Francisco Tavares não é “Chicão” e acabou por ser curto.
“Sempre houve aqui uma novidade: um membro da JP cansado…. Julgava que não existia”, concluiu Luís Queiró, que deu o primeiro dia de congresso por encerrado à beira das 4h da madrugada.