Um relatório dos serviços secretos dos Estados Unidos, conhecido esta sexta-feira, revela que o assassinato do jornalista Jamal Khashoggi foi autorizado pelo próprio príncipe herdeiro, Mohammed bin Salman.
Khashoggi foi torturado e assassinado por agentes sauditas quando se deslocou ao consulado do seu país em Istambul no dia 2 de outubro de 2018, episódio que motivou uma onda de indignação na comunidade internacional.
O referido documento, elaborado há dois anos, foi, entretanto, considerado não confidencial pela administração Biden e nele pode ler-se que Mohamed bin Salman autorizou a “captura ou a morte” de Khashoggi numa “operação em Istambul, na Turquia”.
Esta é a primeira vez que Washington aponta responsabilidades diretas ao príncipe herdeiro saudita neste episódio.
Em 2018, a CIA acreditava que o príncipe herdeiro havia ordenado o assassinato, mas a alegação de que ele estava envolvido nunca foi feita publicamente por oficiais dos EUA até agora.
Desde o início da polémica, Riade sempre negou responsabilidades na morte de Jamal Khashoggi, tendo, até alegado que o jornalista foi morto acidentalmente por uma equipa de agentes enviados a Istambul para o extraditar.
A justiça saudita julgou e condenou oito pessoas pela morte de Jamal Khashoggi em setembro do ano passado, cinco das quais à pena de morte. A pena capital foi, posteriormente, comutada para 20 anos de prisão.
Em 2019, a relatora especial da ONU, Agnes Callamard, acusou o estado saudita de "execução deliberada e premeditada" de Khashoggi e considerou o julgamento uma "antítese da justiça".