​D. António Augusto. “Páscoa, anúncio de vida em tempos de sofrimento”
01-04-2020 - 14:13
 • Olímpia Mairos

O bispo de Vila Real aponta este tempo de pandemia como oportunidade para “refazer as vidas”, repensar “valores e prioridades” e reforçar “os laços que unem casais e famílias”.

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O bispo da Diocese de Vila Real, D. António Augusto, na sua mensagem pascal aos fiéis manifesta a sua “proximidade de Pastor” num “abraço de comunhão” a todos os diocesanos, para falar da Páscoa que este ano “será muito diferente daquilo a que estamos habituados”, “dada a gravidade da epidemia que assola o país e o mundo” e que, por isso, lembra “há medidas excecionais que obrigam à permanência em casa e à suspensão da atividade normal das comunidades cristãs”.

Neste contexto, o bispo de Vila Real manifesta a sua “preocupação maior”, de que faz “oração constante”, e que se centra “nos doentes, nos idosos, nos profissionais de saúde e em todos os cuidadores nos hospitais, nas instituições ou em casa”.

D. António Augusto Azevedo reflete ainda sobre a “vivência quaresmal” que foi “muito afetada por estas circunstâncias difíceis” e a todos forçou “a jejuar de muitas coisas que prezamos” e também da participação na comunidade cristã, para dizer que este tempo pode reforçar a consciência da família como verdadeira Igreja doméstica.

“A nossa vivência quaresmal foi muito afetada por estas circunstâncias difíceis. Fomos forçados a jejuar de muitas coisas que prezamos, tais como da presença e do convívio de familiares e amigos, de projetos e ritmos de trabalho, do ar livre e de algumas formas de lazer. Além disso, sentimos, porventura pela primeira vez na vida, o significado da privação do acesso a esses tesouros que são os sacramentos da eucaristia e da reconciliação, bem como da participação na vida normal da comunidade cristã”, detalha o prelado.

“Mas este tempo de deserto espiritual pode ter incentivado a oração pessoal e familiar, a leitura da Sagrada Escritura, e ajudado assim a reforçar a consciência da família como primeira comunidade cristã, verdadeira Igreja doméstica”, assinala o bispo de Vila Real.

O prelado faz saber também que a celebração da Páscoa neste condicionalismo que ainda subsiste “inviabilizará a realização de algumas tradições próprias desta época” e que será, por esse motivo, “uma festa com menos sinais exteriores e públicos”.

Ainda assim, D. António Augusto formula votos de esta Páscoa seja “verdadeira passagem” para algo de novo que “Deus nos quer dar, porventura para um tempo novo cujo contornos ainda não percebemos”.

“Para isso deixemo-nos inspirar pela experiência do povo de Israel que viveu a primeira Páscoa, reunido por famílias, pronto para atravessar o mar e chegar à terra da promessa, não sem antes ser testado na sua paciência, resistência e fé durante a travessia do deserto”, convida.

O bispo da Diocese de Vila Real desafia os fiéis a depois de “uma quaresma atípica” ousarem experimentar uma vivência pascal diferente e especial.

“Uma Páscoa que signifique uma verdadeira passagem para uma vida cristã mais pascal, para uma fé mais batismal, viva, forte, corajosa e livre. Uma festa que seja autêntica proclamação da vida que vence a morte, da vida que tem sentido quando é dada por amor até ao fim, como a de Jesus, porque só essa tem horizontes de esperança”, explica.

Para favorecer a vivência pascal em família, a diocese está a preparar e vai distribuir alguns materiais de apoio. E convida todas as famílias a colocarem velas acesas à janela das suas casas na noite pascal e as igrejas a tocarem os sinos ao meio-dia do domingo de Páscoa, como “expressão da nossa alegria porque em Cristo a vida vence o sofrimento e a morte”.

“A Páscoa como celebração do acontecimento central da nossa história, prolonga-se e culmina no Pentecostes. Ainda condicionados pela pandemia, precisamos de viver o tempo pascal juntos, de continuar unidos e fortes, responsáveis uns pelos outros e conscientes de que podemos fazer um pouco mais”, afirma D. António Augusto.

O bispo de Vila Real declara ainda que é preciso “refazer as nossas vidas”, repensar “valores e prioridades, num processo iluminado pela fé. Precisamos de reforçar os laços que unem casais e famílias, para que redescubram que a fé e a oração podem ser pilares fundamentais no projeto de família”, ilustra.

“Vamos necessitar ainda de reativar a vida das nossas comunidades e de ser mais criativos, inventando novos modos de fazer pastoral. Tudo isto sem esquecer a primazia da caridade que não permite deixar para trás os doentes, os pobres, os mais frágeis ou sós, porque vão precisar de muito apoio”, conclui o prelado.