O Presidente da República disse no Parlamento timorense que “o mundo aprendeu com o povo timorense a sarar as feridas e a virar a página da história em nome de um ideal de paz, solidariedade, coesão, diálogo, fraternidade, compromisso e crença no futuro merecido por todos”.
No seu discurso, esta sexta-feira, o chefe do Estado português, defendeu que as relações entre Portugal e Timor-Leste devem dar “um salto enorme em frente” com “cimeiras bilaterais mais regulares”.
“Se estes 20 anos têm entrelaçado Portugal e Timor-Leste num caminho entre irmãos tão, tão, tão próximos, os 20 anos que se seguem devem conduzir-nos a um salto enorme em frente na ambição.”
Explicou, depois, que “podemos e devemos promover cimeiras bilaterais mais regulares. Podemos e devemos aprofundar o caminho feito em conjunto em termos de capacidade na língua, na educação, na cultura, na segurança social, na saúde, na justiça, na cooperação administrativa”.
No entender de Marcelo Rebelo de Sousa, os dois países devem também "explorar novos eixos de entendimento e conjugação de esforços na economia, agroalimentar, na indústria farmacêutica, nas infraestruturas navais e portuárias, na energia, no património histórico, nos oceanos, no combate comum às alterações climáticas", comprometendo-se "com a resiliência das instituições, com o desenvolvimento económico, com a sustentabilidade".
Já o Presidente do parlamento timorense destacou os "laços indestrutíveis", construídos ao longo de séculos e que unem Portugal e Timor-Leste, congratulando a "política de afetos" do chefe de Estado português.
"Na pessoa de Vossa Excelência, congratulo todos os portugueses, nossos irmãos e amigos, aos quais estamos unidos por laços indestrutíveis construídos ao longo de séculos", disse Aniceto Guterres Lopes, numa sessão solene do Parlamento Nacional de comemoração do 20.º aniversário da Constituição timorense.
"Vossa Excelência deu uma nova dinâmica ao cargo de Presidente da República e aproximou-o dos cidadãos, corporizando uma política de afetos que caracteriza o povo português", acrescentou, considerando "uma honra e uma enorme alegria" poder partilhar com o Presidente português o 20.º aniversário da constituição e da restauração da independência.
O chefe de Estado está em Timor-Leste especialmente para as cerimónias oficiais dos 20 anos da restauração da independência e de posse do novo Presidente timorense, José Ramos-Horta, nas quais representou o Estado português e as instituições europeias.
Nas suas primeiras declarações em Timor-Leste, onde nunca tinha estado, o chefe do Estado manifestou “grande orgulho e grande reconhecimento ao povo timorense por 20 anos de democracia, de paz, de liberdade” e apontou este jovem país como “um exemplo na região e um exemplo no mundo”.
Na quinta-feira, o Presidente visitou o cemitério de Santa Cruz, em Díli, palco do massacre de 12 de novembro de 1991, recordando que as imagens desse trágico acontecimento foram uma “faísca” no despertar das consciências internacionais.
“De repente, certo tipo de realidades, são uma espécie de faísca que despertam as consciências em Portugal e no mundo. O que se passou foi espantoso. Aquele povo que tinha a nossa solidariedade, mas estava muito isolado ao nível de grandes potências mundiais, acordou as opiniões públicas, povos de todo o mundo e os responsáveis desses povos”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa.