António Costa vai a Guadalajara encerrar a Feira Internacional do Livro em que Portugal foi o país convidado. Mas o dia do primeiro-ministro começa com uma visita ao Instituto Cabañas, no centro da cidade, onde está uma das exposições com que Portugal se deu a conhecer no México – uma mostra do trabalho de Almada Negreiros.
O edifício onde está a exposição foi um antigo sanatório. Numa das salas, entre vários claustros com jardins, está a exposição “O que contam as palavras: Almada Negreiros e a pintura mural”.
Logo na entrada, vemos uma grande fotografia a preto-e-branco de Almada Negreiros a trabalhar; na sala seguinte, uma explosão de cor dá a conhecer as grandes tapeçarias que reproduzem os painéis que o artista multifacetado criou para a Gare Marítima de Alcântara, respondendo a uma encomenda do então ministro das Obras Públicas, Duarte Pacheco. Nelas vemos imagens de Lisboa de outra época, marinheiros e varinas. Imagens que impressionaram uma das mexicanas que encontramos na exposição.
Na opinião de Angelita Cortázar, os painéis da Gare Marítima têm um paralelismo com os dias de hoje. “Parece-me que é uma obra que podemos contextualizar com o que se está a passar na Europa neste momento, com os emigrantes que chegam de barco”. Aos olhos desta mexicana, também “o colorido fala muito sobre a ideia que Almada Negreiros tinha sobre o seu próprio povo, gente e estrangeiros”.
Na exposição é também possível ver, por exemplo, o desenho que Almada Negreiros fez para o mural do edifício do Diário de Notícias. Obras que têm sido uma descoberta para mexicanos como César Gutierrez, que veio da Cidade do México para a feira do Livro de Guadalajara e que aproveitou uma manhã para ir visitar a exposição.
Em entrevista à Renascença depois de sair da exposição, diz: “Para mim, foi descobrir Almada Negreiros, não o conhecia. A verdade é que as suas tapeçarias são maravilhosas. O cubismo e a perspetiva que dá é uma coisa incrível. É uma grande descoberta para mim.”
Mas não é só aos adultos que as imagens de Almada que viajaram até Guadalajara numa exposição que conta com o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian. Além do grupo de jovens que está atentamente a ver um vídeo sobre a obra de Almada, Amalla ficou a conhecer um novo artista. Esta jovem mexicana de 12 anos diz-se espantada com “as cores e a perspetiva”.
A enriquecer a visita ao Instituto Cabañas está a oportunidade de ver os murais de Almada Negreiros em diálogo com os murais do mexicano José Clemente Orozco, que enchem os tetos do Instituto Cabañas, visitado este domingo por António Costa.