O advogado de Bruno de Carvalho acusou o atual presidente do Sporting, Frederico Varandas, “de faltar à verdade”, na audição do julgamento do ataque à academia, onde foi ouvido como representante do clube.
“Faltou à verdade de muito largo. Pior do que isso: ele põe quase 50 pessoas a mentir”, afirmou Miguel Fonseca, acrescentando: “Não sendo testemunha, não prestou juramento. Se não prestou juramento, não podia mentir. Mentir é um crime, isso não posso dizer, porque ele não prestou juramento”.
O advogado do ex-presidente do Sporting, um dos 44 arguidos do processo, disse que gostava de ter ouvido Varandas como “testemunha” pois isso obrigava-o “ao dever da verdade”.
No final da audição de Frederico Varandas, durante a 27.ª sessão do julgamento, Miguel Fonseca pediu a acareação entre o atual presidente a várias testemunhas que participaram numa reunião com Bruno de Carvalho, na véspera da invasão à academia.
A juíza Sílvia Pires indeferiu o pedido, considerando-o “descabido” e referindo que “as discrepâncias eram normais”.
O representante de Bruno de Carvalho considerou ainda que Frederico Varandas, que estava na academia no dia 15 de maio de 2018 na qualidade de diretor clínico do clube, falou em tribunal segundo “uma agenda de quem tem uma assembleia geral para ir”, aludindo à atual contestação ao presidente leonino.
Miguel Fonseca garantiu que Bruno de Carvalho, que não esteve presente “devido a compromissos profissionais”, tem “as declarações preparadas e vai prestá-las na condição de ser o último a falar” em tribunal.
“Por vontade dele, já tinha falado logo no primeiro dia, chegava aqui e estávamos uma semana inteira a ouvir o discurso dele. Entretanto, tivemos que sanear o que havia de dizer ou não e cheguei a um acordo com ele: primeiro vamos ouvir o que há e selecionar o que vamos dizer e o que não interessa”, explicou o advogado.
O processo da invasão à academia tem 44 arguidos, acusados da coautoria de 40 crimes de ameaça agravada, de 19 crimes de ofensa à integridade física qualificada e de 38 crimes de sequestro, todos estes (97 crimes) classificados como terrorismo.
Bruno de Carvalho, à data presidente do clube, ‘Mustafá’, líder da Juventude Leonina, e Bruno Jacinto, ex-oficial de ligação aos adeptos do Sporting, estão acusados de autoria moral de todos os crimes.