O Presidente da República afirmou esta sexta-feira que as previsões económicas do Governo para 2023 são melhores do que esperava, mas considerou que não são “um exercício de maquilhagem política”, embora admitindo que possam falhar.
“O Governo pode enganar-se, mas não altera de propósito os dados porque isso cairia em cima dele daqui por três ou quatro meses”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, questionado pelos jornalistas no final de uma reunião bilateral com o Presidente da República de Malta, George Vella, em La Valletta.
Segundo o jornal Público, o Governo, para o próximo ano, projeta um crescimento de 1,3%, um défice de 0,9% e uma inflação de 4%, assistindo-se também a uma redução da dívida para 110,8% do Produto Interno Bruto (PIB).
“Para mim é evidente que o Governo e o Banco de Portugal, ao fazerem estas previsões, tentam jogar pelo seguro, não é um exercício de maquilhagem política, se fosse era suicida”, considerou.
O chefe de Estado considerou realistas as previsões económicas para este ano, mas admitiu que para 2023 o valor previsto pela inflação pode ser questionável.
“Se for possível, não é o El Dorado, mas é melhor do que muitos pensavam, do que eu próprio pensava. Se não for possível, é porque a situação internacional se manteve muito grave ou se complicou”, disse.
Questionado sobre os alertas deixados hoje, no parlamento, por alguns partidos de que o cenário projetado pelo Governo parece otimista, o Presidente da República fez questão de separar as previsões para este ano e as do próximo.
“Os números deste ano parecem-me realistas, o crescimento para que se aponta e a inflação. Para o ano que vem, o crescimento provavelmente é realista com um empurrão deste ano, a inflação é porventura mais questionável, mas não é impossível, há quem defenda isso, há quem defenda inflações superiores”, apontou.
Marcelo Rebelo de Sousa salientou ser uma evidência que “há guerra e há problemas”.
“Os números do Governo mostrariam um cenário mais favorável do que se pensava, e mais favorável do que muitos outros cenários europeus”, apontou, admitindo que ele próprio não esperaria estas previsões.
A proposta do Governo de Orçamento do Estado para 2023 vai ser entregue no parlamento na segunda-feira, dia 10, e o ministro das Finanças, Fernando Medina, e a ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares, Ana Catarina Mendes, apresentam hoje aos partidos o cenário macroeconómico que servirá de base ao documento.