O Museu Judaico de Belmonte, que foi recentemente alvo de obras de requalificação, reabre a partir de terça-feira completamente renovado, com novos conteúdos e com uma maior aposta na vertente da comunidade judaica.
"Podemos dizer que é um museu totalmente novo, que dá grande protagonismo e destaque à Comunidade Judaica de Belmonte e estamos muito confiantes de que se afirmará como uma referência da cultura sefardita", afirmou, em declarações à agência Lusa, o presidente da Câmara Municipal de Belmonte, António Dias Rocha.
Num investimento de 300 mil euros, a requalificação do espaço permitiu integrar novos conteúdos, parte dos quais desenvolvidos em interligação com a comunidade judaica e que permitem explicar a história dos judeus de Belmonte.
"Queremos que o visitante perceba como é que foi possível que os nossos judeus tenham conseguido subsistir durante tantos anos em Belmonte, mantendo uma relação harmoniosa e de proximidade com a restante comunidade", apontou.
Em declarações à Lusa, o coordenador do projecto, Paulo Monteiro, também destacou a vertente museológica que dá a conhecer "a comunidade judaica de Belmonte como última herdeira dos judeus de Sefarad, que durante 500 anos manteve em segredo a sua fé, a sua religião e as suas práticas".
O museu permitirá ainda "uma visita aos princípios básicos do judaísmo, patentes da colecção de objectos que já existiam no museu e noutros conteúdos que foram incorporados".
Segundo Paulo Monteiro, a concepção dos novos conteúdos contou com o contributo de estudiosos e de historiadores especialistas em judaísmo e criptojudaísmo e teve em conta a necessidade de os mesmos serem apreendidos pelos diferentes públicos, quer em termos etários, quer de nacionalidade, pelo que são sempre apresentados em português e inglês.
"Motivos redobrados para visitar Belmonte", como referiu António Dias Rocha, que espera que a requalificação do Museu Judaico também ajude a atrair mais turistas a este concelho do distrito de Castelo Branco, de modo a atingir "o mais rapidamente possível" a meta dos 100 mil visitantes.
Constituída pelo Museu Judaico, Museu dos Descobrimentos, Ecomuseu do Zêzere, Museu do Azeite, Centro de Interpretação da Igreja de São Tiago e pelo Castelo da vila, a Rede de Museus Municipais de Belmonte recebeu em 2016 cerca de 92 mil visitantes.
De acordo com os dados da autarquia, este número representa um crescimento de 15,6% relativamente ao ano anterior, sendo que a maioria dos visitantes são oriundos de Portugal, Espanha, Brasil, Israel, França e América.
A Comunidade Judaica de Belmonte é uma das mais antigas comunidades judaicas do mundo, tendo sobrevivido à inquisição por manter em segredo a prática religiosa.