O Movimento Cívico pela Família promove, na quarta-feira, dia 15, em Évora, o debate “Eutanásia - A dignidade da vida humana”.
Como se morre, como se vive o fim da vida e que cuidados são prestados nesta fase são questões a abordar num encontro que se quer esclarecedor sobre o que está, verdadeiramente, em causa quando de fala em morte assistida.
“A morte é uma inevitabilidade, não creio que exista o direito a morrer, de qualquer forma convém falar claro e explicar às pessoas que o que hoje se vai discutindo sobre as questões em torno da eutanásia, aquilo que se pede não é o direito a morrer, pede-se o direito a ser morto por outra pessoa”, diz Isabel Galriça Neto, a principal oradora do encontro de Évora, em declarações ao "Ser Igreja", da Rádio Sim.
Para a precursora da introdução de cuidados paliativos no Serviço Nacional de Saúde (SNS) “o que se pretende é que as pessoas tenham direito a um final de vida sem sofrimento disruptivo, devidamente apoiadas com cuidados de saúde destinados a suprir esta fase da vida. Os cuidados paliativos não servem apenas para os últimos dias de vida”.
Com 20 anos de experiência nesta área, a especialista considera “escandaloso” a inexistência de uma boa rede de cuidados de saúde, afinal “um direito a que todos deveriam ter acesso no fim da vida, tal como existe para aqueles que vão nascer”.
Sobre o debate que esta questão tem suscitado na sociedade portuguesa, Isabel Galriça Neto considera fundamental denunciar que “aqueles que hoje apresentam um manifesto, uma petição para aprovar a eutanásia não o fazem apenas para os doentes em fim de vida, fazem-nos para doentes em sofrimento intolerável”.
A especialista dá o exemplo do que já se passa em países onde a eutanásia foi legalizada: “Há pessoas a serem mortas porque estão cansadas de viver, há pessoas a serem mortas porque têm depressões, há pessoas a serem mortas porque estão dementes ou se sentem um fardo para a família e portanto temos de clarificar que longe do que nos querem fazer crer, nós não estamos a fazer ou a propor uma lei para casos pontuais."
É uma “porta aberta” para a massificação da morte porque se decidiu que “o sofrimento é uma razão válida para acabar com a vida de alguém”, lamenta a especialista que dá o exemplo da Holanda. “O próprio governo deste país, divulga que são mortas 15 pessoas por dia, mais de 5 mil por ano pela via da eutanásia por motivos como estes. As pessoas têm de reflectir se querem viabilizar uma lei como esta. Em Portugal seriam cerca de quatro mil casos por ano” acrescenta.
Para a também deputada do CDS/PP, é necessário mais diálogo esclarecedor para capacitar as pessoas e torná-las mais exigentes no sentido de reclamarem mais e melhores cuidados paliativos nos serviços de saúde portugueses.
“Hoje em dia existem respostas para esse sofrimento disruptivo, e a resposta não é acabar com o que sofre, não é matar e a eutanásia é matar. Nós queremos ajudar a intervir activamente no sofrimento, transformando o período de fim de vida, num período de crescimento, num período em que as famílias não se sentem desapoiadas e esse é o caminho que tem de ser percorrido” conclui.
O debate está marcado para o Fórum da Fundação Eugénio de Almeida, em Évora, a partir das 18h30. São oradores Isabel Galriça Neto, deputada do CDS/PP e directora da unidade dos cuidados continuados e paliativos do Hospital da Luz, Lisboa, Pedro Giões, da direção da Federação Portuguesa Pela Vida, Padre José Jorge, diretor do Colégio Salesiano de Évora, e António Peças, médico cirurgião do Hospital de Évora e do INEM.