Estado falhou no tratamento de outras doenças durante o tempo pandémico, diz Gustavo Tato Borges
31-12-2024 - 08:47
 • Alexandre Abrantes Neves , Olímpia Mairos

Os primeiros casos de Covid-19 foram notificados em 31 de dezembro de 2019 a partir da China. Em Portugal, o vírus matou mais de 29 mil pessoas.

Assinalam-se esta terça-feira cinco anos desde o dia em que a China comunicou à Organização Mundial da Saúde (OMS) a existência de uma pneumonia sem causas identificadas. Viria a chamar-se Covid-19 e a provocar uma pandemia que chegou aos quatro cantos do mundo.

Desde 2020, foram diagnosticados mais de 700 milhões de casos em todo o mundo e mais de 7 milhões de pessoas morreram devido ao vírus Sars-Cov-2.

Em Portugal, há registo de mais de 29 mil mortes e muitas mais foram evitadas, graças às campanhas de vacinação.

À Renascença, o presidente da Associação de Médicos de Saúde Pública, Gustavo Tato Borges, aponta a colaboração entre países para agilizar a entrega de vacinas como uma das maiores aprendizagens da pandemia.

“Aquilo que aprendemos de uma forma mais cabal é a rapidez com que estas doenças podem passar de um ponto para o outro do globo e a necessidade de estarmos todos atentos e interligados a ajudar-nos enquanto países”, diz, assinalando que esta é “uma forma mais efetiva e, se calhar, a mais indicada para conseguirmos trabalhar novas pandemias que vão surgir”, diz.

O médico de saúde pública lamenta, no entanto, que - desde o fim da pandemia - o uso de máscaras tenha caído, nomeadamente em hospitais.

“Aquilo que devíamos ter aprendido era que a máscara é uma ferramenta extremamente importante e eficaz para minimizar o risco de transmitir doenças respiratórias que nós podemos estar neste momento a ter para as pessoas que estão à nossa volta”, defende.

No entender de Tato Borges precisávamos de ter uma comunicação mais eficaz para que as pessoas percebam que “a máscara não é uma restrição à sua liberdade, mas é sim um sinal de respeito uns pelos outros”.

Nestas declarações à Renascença, o presidente da Associação de Médicos de Saúde Pública diz, ainda, que o Estado falhou na prestação de cuidados a outras doenças durante a pandemia e os resultados só agora se estão a sentir.

“Eu espero que numa próxima circunstância tenhamos outra capacidade de resposta, permitindo que alguns hospitais pudessem ser locais de referência para a pandemia e deixar outros hospitais, mais de retaguarda se calhar, disponibilizados para atendimento das pessoas com patologia não relacionada com a pandemia”, aponta Tato Borges.

“E dessa forma temos uma resposta mais eficaz e com menos mortes, com menos carga de doença, que vamos agora atrás do prejuízo tentando minimizar na vida das pessoas”, conclui.