Vítor Fernandes, nomeado para o Banco de Fomento, e António Ramalho, presidente do Novo Banco, foram alvos de buscas no âmbito da operação Cartão Vermelho, em que é arguido o presidente autossuspenso do Benfica, Luís Filipe Vieira. A notícia foi confirmada esta segunda-feira pelo jornal Observador.
As buscas decorreram na quarta-feira, 7 de julho, sendo que nem Vítor Fernandes nem António Ramalho são arguidos no processo.
Vítor Fernandes, indicado pelo Governo para liderar o conselho de administração do Banco de Fomento que vai tratar das verbas da bazuca europeia, confirmou ao Observador as buscas domiciliárias e no Novo Banco.
O banqueiro diz que está a ser alvo de um “ataque de caráter” e garante que não tem qualquer ligação próxima com Luís Filipe Vieira.
“Estou a ser alvo de um ataque de carácter. Sou uma pessoa discreta, não sou suspeito de nenhum crime e estão a dar cabo da minha carreira por nada. É de uma revolta pessoal muito forte. A única coisa que está em causa é imputarem-me uma alegada relação privilegiada com o sr. Luís Filipe Vieira, o que é falso”, disse Vítor Fernandes ao Observador.
O gestor explica que recebeu “várias vezes”, mas essa era a sua “obrigação” como administrador do Novo Banco “que acompanhava o seu dossier e isso é normal”.
“Também o fiz com outros grandes devedores. Fazia parte das minhas funções”, sublinha.
Nas medidas de coação aplicadas ao presidente do Benfica, o juiz Carlos Alexandre determinou que Luís Filipe Vieira não pode contactar com Vítor Fernandes.
O presidente do Novo Banco, António Ramalho, e outros gestores também foram visados nas buscas no âmbito da operação “Cartão Vermelho”.
Suspeito de lesar o Benfica e o Fundo de Resolução bancário, Luís Filipe Vieira foi detido na passada quarta-feira e, na sexta-feira, suspendeu funções como presidente do Benfica. A liderança do clube e da SAD foi assumida pelo antigo jogador e vice-presidente Rui Costa.
No sábado, foram conhecidas as medidas de coação aos quatro arguidos. O juiz Carlos Alexandre aceitou todos os pedidos do Ministério Público e decretou prisão domiciliária a Luís Filipe Vieira, até ao pagamento de uma caução de três milhões de euros no prazo de 20 dias.
Luís Filipe Vieira fica obrigado a entregar o passaporte, para evitar uma fuga do país, e não pode contactar os arguidos— à exceção do filho, Tiago Vieira —, além de elementos da direção e da administração do clube e qualquer administrador ou funcionário do Novo Banco, segundo deliberou o juiz Carlos Alexandre (leia aqui a decisão na íntegra).
O presidente do Benfica com mandato autossuspenso também não pode contactar Nuno Sérgio Durães Lopes, António Rodrigues de Sá, Vítor Manuel Dantas de Machado, Diogo Chalbert Santos e José Gouveia.
Luís Filipe Vieira também não pode falar com Vítor Fernandes, que foi nomeado pelo Governo para liderar o novo Banco de Fomento e que já passou pela Caixa Geral de Depósitos, BCP e Novo Banco.
José António dos Santos terá de pagar uma caução de dois milhões de euros para poder sair em liberdade. O "Rei dos Frangos" também terá de entregar o passaporte às autoridades e fica proibido de contactar os demais arguidos, além de Diogo Chalbert Santos, José Gouveia, Vítor Fernandes e qualquer administrador ou funcionário do Novo Banco.