O secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, disse hoje que a redução do IVA dos bens essenciais é uma medida "aparentemente positiva", mas defendeu que o que determina que os preços baixem é a sua fixação e controlo.
"Nós não negamos a esta possibilidade da redução do IVA, nomeadamente nos bens essenciais, mas há uma coisa que sabemos. Aquilo que determina [...], e é necessário e urgente, que os preços dos bens essenciais reduzam é a fixação e o controlo de preços", afirmou Paulo Raimundo.
O secretário-geral comunista falava num jantar comemorativo do 102.º aniversário do PCP, que decorre no concelho da Ribeira Brava, na Madeira, e contou com a presença do coordenador regional, Edgar Silva, e da dirigente do PEV Manuela Cunha, entre outros dirigentes.
Paulo Raimundo disse que o IVA a 0% para os bens essenciais "é uma medida aparentemente positiva", mas ressalvou que há "duas experiências" que demonstram que "é muito difícil que isto vá ter alguma consequência nos bolsos de cada um".
O secretário-geral do PCP referiu que a redução do ISP (Imposto sobre Produtos Petrolíferos) no país "não teve tradução nenhuma naquilo que cada um pagava" e, em Espanha, a redução do IVA também "não se traduziu na redução dos preços dos bens essenciais".
"Aquilo que o Governo anunciou hoje sobre esta matéria é exatamente na mesma matriz daquilo que tinha anunciado sobre as questões da habitação. É dinheiros públicos, benefícios fiscais, mas não há uma única medida que ataque o que é preciso atacar. E o que é preciso atacar são os obscenos, os vergonhosos lucros do grande capital e, em particular, da grande distribuição", defendeu.
Relativamente aos 30 euros para as famílias mais carenciadas, Paulo Raimundo disse não negar essa necessidade mas apontou que o problema é "que as contas não se pagam de três em três meses, pagam-se todos os dias".
"O que o povo precisa não é de apoios pontuais, são aumentos de salários de todos os trabalhadores", reforçou.
Já quanto aos aumentos de 1% nos salários da função pública, o secretário-geral do PCP disse concordar "mas não assim como o Governo está a propor".
"Nós estamos perante uma situação em que, enquanto a grande maioria do nosso povo é empurrada para a pobreza, e não são estas medidas que vão alterar esse problema de fundo, há 11 milhões de euros de lucro por dia do grande capital. Não pode ser, é uma justiça profunda e que vai ter de acabar", sustentou.
No seu discurso, Paulo Raimundo frisou, por outro lado, que a Assembleia Legislativa da Madeira necessita de mais deputados do PCP, argumentando que é o partido comunista que "está ao lado dos trabalhadores".
Por seu turno, o coordenador do PCP, Edgar Silva, perante os cerca de 400 militantes e simpatizantes que participaram no jantar, afirmou por diversas vezes que a candidatura da CDU "é a única defensora dos valores de Abril".