O ex-presidente georgiano Mikhail Saakashvili, detido desde o início de outubro e em greve de fome há várias semanas, está em estado crítico e sem receber os cuidados adequados, revelaram na quarta-feira os seus médicos.
"O estado de saúde atual do paciente é considerado crítico", destacou o grupo de médicos, em comunicado.
Para os médicos, o hospital da prisão onde se encontra em tratamento o ex-presidente da Geórgia não responde às suas necessidades médicas.
E, por isso, solicitam a transferência imediata de Saakashvili para uma unidade de cuidados intensivos de um hospital civil mais bem equipado, notícia a agência AFP.
Na semana passada, o antigo chefe de Estado, que esteve em greve de fome durante 48 dias em protesto pela sua detenção em 01 de outubro, pouco depois de regressar do exílio na Ucrânia, foi transferido para um hospital prisional devido à deterioração do seu estado de saúde.
Apesar dos alertas dos médicos, que consideram que Saakashvili está em risco de vida, o governo georgiano recusou até agora a sua transferência para um hospital civil.
O ex-líder da Geórgia, de 53 anos, revelou ter sido maltratado pelos guardas na prisão e temer pela sua vida.
Organizações dos direitos humanos criticaram o tratamento dado a Saakashvili, considerando ser uma vingança com motivações políticas.
Vários deputados da oposição também iniciaram uma greve de fome, exigindo tratamento médico adequado para o ex-presidente.
Esta exigência foi acompanhada já pelos Estados Unidos e pelo Tribunal Europeu dos Direitos Humanos (CEDH, na sigla em inglês).
Em 10 de novembro, a CEDH pediu com urgência ao governo georgiano para que este "garantisse a segurança na prisão", prestasse "cuidados médicos adequados" e informasse "sobre o estado de saúde" do ex-chefe de Estado.
A oposição georgiana, da qual o Movimento Nacional Unido (MNU), de Saakashvili, é figura de proa, tem organizado várias manifestações para pedir a libertação do ex-Presidente e para denunciar os resultados das eleições municipais.
Saakashvili deixou a Geórgia em 2013, após o fim da sua presidência, por limite de mandatos. Mais tarde, foi destituído da sua cidadania e condenado à revelia a seis anos de prisão por abuso de poder.
Personagem carismático e ambivalente, conhecido por ter lutado com eficácia contra a corrupção, é também muito criticado pela desastrosa guerra de 2008 contra a Rússia.
A sua detenção veio agravar ainda mais a crise política no país, que começou com as eleições legislativas de 2020, ganhas também pelo partido Sonho Georgiano e consideradas fraudulentas pela oposição.
O primeiro-ministro georgiano Irakli Garibashvili causou espanto quando declarou que Saakashvili "tinha o direito de cometer suicídio" e que o governo foi forçado a prendê-lo porque este se tinha recusado a desistir da política.