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António Martins da Cruz considera que é necessário que o Governo faça um esforço económico para adquirir máscaras suficientes para permitir a sua utilização generalizada.
O embaixador e ex-ministro dos Negócios Estrangeiros é um dos signatários de uma carta enviada ao Presidente da República, ao presidente da Assembleia da República e ao primeiro-ministro, em que é sugerido o uso obrigatório de máscaras por parte de toda a população, para reduzir a transmissão do novo coronavírus. Em declarações à Renascença, Martins da Cruz assinala que, nos países que melhor têm combatido a Covid-19, como China ou Japão, "toda a gente usa máscara".
"A Organização Mundial da Saúde [OMS] está a dar sinais de que o uso da máscara seria aconselhável a toda a população. As nossas autoridades sanitárias ainda não deram esse passo porque não há máscaras, mas isso é uma questão de as importar. Ainda ontem [domingo], chegou um avião a Espanha com 20 milhões de máscaras vindas da China. Há países que estão a fabricar máscaras e a pô-las no mercado. É uma questão de fazer um esforço, mais um esforço económico que vai ser preciso", salienta o embaixador e antigo ministro.
Na referida carta, é dada uma alternativa à aquisição de máscaras: que estas sejam confecionadas em casa seguindo as instruções do Conselho de Escolas Médicas Portuguesas e de entidades internacionais como o Centro de Controlo de Prevenção de Doenças dos Estados Unidos.
De resto, aquele grupo de personalidades defende o uso de equipamento de proteção individual em todos os profissionais de saúde, tanto em áreas Covid-19 como não Covid-19, para evitar contágio por doentes que não se enquadrem inicialmente na definição de caso suspeito.
"Desconfinamento" será jogo de equilíbrios
Martins da Cruz já olha para o futuro, para quando o estado de emergência terminar e as pessoas puderem voltar à sua vida normal.
Nestas declarações à Renascença, o ex-ministro dos Negócios Estrangeiros salienta que é necessário "encontrar um equilíbrio entre as preocupações relativas à saúde e as questões económicas".
"A prioridade é a saúde, mas não podemos deixar de ter em consideração que o confinamento e o encerramento da larga maioria das actividades económicas irá conduzir a graves problemas.. Temos de encontrar um ponto de equilíbrio para o chamado 'desconfinamento', que tem de ser gradual e passo a passo e prudente", avisa.
Martins da Cruz dá o exemplo de Espanha, que decidiu abrir, progressivamente, "a indústria e a construção":
"O governo espanhol entendeu que essa era uma maneira gradual de começar o 'desconfinamento' das pessoas e o recomeço da actividade económica. É isso que pode ser feito em Portugal, seguindo as recomendações da OMS e de comités científicos em relação a preservação da saúde pública, que é o mais importante."