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O negociador-chefe de Bruxelas para o Brexit classificou esta segunda-feira o plano do líder da oposição trabalhista britânica, Jeremy Corbyn, para reavivar as negociações de divórcio como "interessante", embora tenha sublinhado que continua a aguardar novas ideias de Londres, nomeadamente do Governo conservador de Theresa May.
Horas antes de se encontrar com Stephen Barclay, o terceiro político britânico a assumir a pasta do Brexit, Michel Barnier lembrou que "alguma coisa" tem de acontecer em breve, quando faltam apenas sete semanas para o prazo legal de retirada do Reino Unido da UE, a 29 de março.
"Alguma coisa vai ter de mudar no lado britânico", sublinhou Barnier aos jornalistas no Luxemburgo. "Estamos a aguardar clareza e movimentações da parte do Reino Unido."
No mês passado, o Governo britânico sofreu uma derrota retumbante no processo de Brexit, quando uma larga maioria dos deputados britânicos, incluindo vários membros do Partido Conservador de May, chumbou o acordo de princípio alcançado pela primeira-ministra em Bruxelas para concretizar a saída do Reino Unido.
O chumbo aconteceu depois de 18 meses de negociações entre Londres e Bruxelas e, desde então, May continua a tentar obter concessões da parte dos Estados-membros da UE para tentar aprovar um novo acordo de divórcio.
Apesar da intenção, May ainda não apresentou qualquer proposta concreta a Bruxelas, que por sua vez já deixou claro que nada há a renegociar.
Entretanto, Barnier e outros oficiais europeus têm estado a estudar a proposta apresentada pelos trabalhistas ao Governo de May na semana passada.
Sem citar pontos concretos dessa proposta, o responsável europeu pelas negociações do Brexit disse que o plano da oposição é "interessante em tom e em substância".
Uma fonte europeia já tinha dito à AFP na semana passada que o próprio presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, aconselhou diretamente May a analisar o plano de Corbyn.
Bruxelas mantém que não está disposta a retomar as negociações de saída, mas também já deu a entender que poderá alterar a declaração política sobre a futura relação UE-Londres se May estiver disposta a ceder em algumas das suas "linhas vermelhas", nomeadamente se aceitar que o Reino Unido continue a integrar a união aduaneira.