O Ministério Público confirma estar a investigar o incidente no Ministério das Infraestruturas, que envolveu o suposto roubo e recuperação de um computador, na posse do ex-adjunto de João Galamba, Frederico Pinheiro.
A Renascença tentou confirmar, esta quinta-feira, junto do MP, se as declarações feitas esta quarta-feira no âmbito da comissão parlamentar ao caso TAP motivaram algum novo inquérito, mas apenas recebeu como resposta a confirmação da "existência de um inquérito", que, como já era "do domínio público", tem por objeto "os factos ocorridos no Ministério das Infraestruturas e aqueles que com os mesmos se encontrem relacionados".
O Ministério Público adianta, na mesma resposta, que o inquérito está a ser dirigido pelo Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) Regional de Lisboa e se encontra "em segredo de justiça".
Desconhece-se, no entanto, se as declarações da comissão também serão objeto de inquérito.
Esta quinta-feira, é a vez de João Galamba ser ouvido no Parlamento, a partir das 17h00, depois de o seu ex-adjunto, Frederico Pinheiro, e chefe de gabinete, Eugénia Cabaço, terem respondido às questões da comissão de inquérito à TAP esta quarta-feira.
Em ambas as sessões, Frederico Pinheiro e Eugénia Cabaço dão versões contrárias sobre o incidente, que envolveu o suposto roubo um computador do ministério, assim como a ação de recuperação do aparelho por parte do SIS - Serviço de Informação de Segurança.
Na primeira audiência de quarta-feira, o ex-adjunto de João Galamba afirmou que o ministério pretendia impedir que chegassem ao Parlamento as suas notas sobre os encontros secretos entre deputados socialistas e a então CEO da TAP.
"O que as notas que eu tenho da reunião de 17 de janeiro, que envolveu o grupo parlamentar do PS, demonstram [é] que o deputado Carlos Pereira indicou as perguntas que pretendia efetuar na reunião, a senhora CEO [Christine Ourmières-Widener] indicou as respostas que daria àquelas perguntas e eu próprio recordei à CEO da TAP as indicações que lhe tinham sido transmitidas na reunião do dia anterior sobre a estratégia comunicacional."
Frederico Pinheiro acusou ainda o ministro de o ter ameaçado com violência física. Neste capítulo, Eugénia Cabaço aponta no sentido inverso, acusando que o ex-adjunto de ter recorrido a agressões para levar o computador portátil consigo.
"Agarrei a mochila, nem toquei nele e o Dr. Frederico Pinheiro dá-me um murro. Depois, a Dra. Paula Lagarto também tentou agarrar a mochila e levou vários murros. A Dra. Rita Penela tenta também agarrar a mochila", contou a chefe de gabinete de João Galamba.
Eugénica Cabaço frisou ainda a importância da recuperação do aparelho, visto que continha informação confidencial sobre o plano de reestruturação da TAP, que não se encontraria arquivada na rede interna do Estado.
No entanto, contradisse João Galamba, ao garantir que o contacto com as secretas foi feito sem conhecimento prévio do ministro das Infraestruturas, tendo contactado, primeiramente, o SIRP - Serviço de Informações da República Portuguesa - e recebido, posteriormente, uma chamada do SIS.
[atualizado às 11h57 de 18 de maio de 2023]