O primeiro-ministro garante que o Governo não poupa esforços no combate à pandemia de Covid-19. “Não regateámos, nem regatearemos esforços, com os nossos recursos e junto da União Europeia, para combater a pandemia e aliviar o sofrimento dos portugueses”, garante António Costa na sua mensagem de Natal deste ano, divulgada esta sexta-feira à noite.
Nesta mensagem gravada na residência oficial, em São Bento, onde o primeiro-ministro tem estado em confinamento desde dia 17, quando se soube que o Presidente francês, com quem tinha almoçado na véspera, estava infetado com Covid-19, António Costa reconhece que, ao longo destes meses, podem ter sido cometidos erros, mas acrescenta: “Só não erra quem não faz”.
“Confrontado com um vírus inesperado e desconhecido, o Governo tem procurado responder da melhor forma, com equilíbrio e bom senso, aprendendo dia a dia a lidar com a novidade e a readaptar-se permanentemente perante o imprevisto. Certamente não fizemos tudo bem e cometemos erros, porque só não erra quem não faz. Mas não regateámos, nem regatearemos esforços, com os nossos recursos e junto da União Europeia, para combater a pandemia e aliviar o sofrimento dos portugueses”, promete o primeiro-ministro na segunda parte da mensagem dedicada à solidariedade e em que fala sobretudo das consequências sociais e económicas desta pandemia.
“Quero expressar solidariedade a todos – e tantos são – os que sofrem as graves consequências económicas e sociais desta pandemia. Tenho bem consciência da dureza de muitas das medidas que tivemos de tomar ao longo deste ano, limitando liberdades, proibindo atividades ou adiando projetos de vida, para defender a saúde pública, conter a transmissão do vírus, garantir capacidade de resposta dos serviços de saúde, salvar vidas” reconhece António Costa.
“Tenho bem consciência do impacto profundo destas medidas na vida de todos nós. No convívio social, de que tivemos de abdicar; nos afetos que não pudemos manifestar, em especial aos mais idosos; na estabilidade emocional de muitas pessoas em isolamento; e também na economia, com tantos empresários a lutar pela sobrevivência das suas empresas e tantos trabalhadores que perderam ou temem perder o seu emprego e o seu rendimento”, continua Costa, antes de prometer não regatear esforços para minimizar o sofrimento dos português.
Solidariedade é a palavra-chave da segunda parte da mensagem, em que António Costa começa por falar de gratidão. Antes de mais, “gratidão a todos portugueses, pela capacidade de adaptação e sacrifício, pela determinação e disciplina, pela responsabilidade cívica, com que têm coletivamente enfrentado esta pandemia”.
O primeiro-ministro elogia a “resiliência”, a comunhão e a união do povo “que soube manter-se coeso na adversidade, coletivamente irmanado neste desígnio comum de travar a expansão de um vírus que a todos ameaça”. E pede que todos continuem a lutar contra a pandemia, o que implica que todos continuem a “cumprir as regras e a adotar os comportamentos que são decisivos para salvar vidas”.
Depois, gratidão “aos que prestam assistência a quem dela mais necessita, sejam funcionários de lares ou da Segurança Social, militares das Forças Armadas ou elementos das Forças de Segurança; gratidão à mobilização da comunidade científica ou aos professores, que nunca abandonaram os seus alunos, mesmo quando as escolas tiveram de encerrar”. E também “a todos os que, ininterruptamente desde março, mantiveram o país a funcionar e que, na agricultura, na indústria e no comércio, têm garantido que nada de essencial nos tenha faltado”.
Mas também gratidão “de modo muito especial aos profissionais de saúde, que dia e noite dão o seu melhor para tratar quem está doente, tantas vezes com sacrifício de folgas, tempo de descanso e contacto com a sua própria família”. Entre esses, o primeiro-ministro faz questão de recordar uma médica e uma enfermeira com quem contactou logo no início da pandemia: “A Dra. Margarida Tavares, do Hospital S. João, que em março me explicava, com um brilho nos olhos e uma vontade inabalável, os desafios colocados no tratamento de doentes infetados por um vírus ainda totalmente desconhecido. Ou a enfermeira Marisa Chainho, do serviço de infecciologia do Curry Cabral, que já não ia a casa há várias noites, mas punha de lado o cansaço enquanto relatava em pormenor a história pessoal de cada um dos primeiros doentes com Covid internados naquela unidade. São apenas dois exemplos entre tantos, tantos outros que diariamente constroem essa magnífica obra coletiva que é o Serviço Nacional de Saúde.”
Depois da gratidão e da solidariedade, o primeiro-ministro quis dar uma mensagem de esperança. Em primeiro lugar, esperança na questão sanitária. “Aproxima-se um ano novo. Depois de amanhã [domingo, dia 27] , tem início o processo de vacinação contra a Covid-19 que, mesmo sendo um processo faseado e prolongado no tempo, nos dá renovada confiança que, graças à ciência, é mesmo possível debelar esta pandemia”, diz António Costa, que há um ano fez questão de gravar a sua mensagem de Natal numa unidade de saúde familiar para salientar o compromisso do Governo com o Serviço Nacional de Saúde. Situação que agora recorda para concluir que “tudo o que aconteceu desde então apenas veio confirmar o acerto dessa prioridade e a necessidade de continuarmos a reforçar o SNS”.
Esperança também na recuperação económica. “Podemos contar durante o próximo ano com a solidariedade reforçada da União Europeia, para apoiar o esforço nacional de iniciar uma recuperação sustentada, que nos permita não só superar as dificuldades que atualmente vivemos, mas, sobretudo, enfrentar os problemas estruturais que historicamente limitam o potencial de desenvolvimento do país. Definimos uma visão estratégica para o futuro de Portugal e dispomos agora dos meios para a concretizar, abrindo assim às novas gerações o horizonte de um país mais justo, mais próspero, mais moderno”, promete António Costa, que termina a mensagem com desejo de um “promissor” 2021.
“Posso assegurar-vos que, neste tempo tão duro e exigente, é para mim uma enorme honra poder aqui estar ao vosso serviço. Ao serviço de Portugal”, conclui o primeiro-ministro.