A candidata apoiada pelo Bloco de Esquerda nas presidenciais de janeiro, Marisa Matias, apresentou despesas eleitorais de 372.872 euros, o valor mais alto entre os candidatos, de acordo com as contas hoje publicadas.
Marisa Matias, que ficou em quinto lugar com 3,95% dos votos, não recebeu qualquer subvenção estatal por, tal como João Ferreira, candidato apoiado pelo PCP, ter ficado abaixo do mínimo de 5% de votos para aceder àquele subsídio.
As verbas para financiar a campanha ficaram a cargo do Bloco de Esquerda, que deu 355 334 euros. Em angariação de fundos foram obtidos 2258 euros. Quanto às despesas, a maior fatia destinou-se a ações como “comícios, espetáculos e caravanas”, de 120 mil euros. A propaganda, com 92 mil euros, e os custos administrativos, de 91 mil euros, foram outras despesas suportadas.
De acordo com os documentos hoje publicados no site da Entidade das Contas e Financiamentos Políticos, o candidato apoiado pelo PCP, João Ferreira, gastou 274.264 euros na campanha, a quase totalidade financiada pelo partido, sendo que apenas recolheu 125 euros em iniciativas de angariação de fundos e não recebeu donativos.
A maior parte dos gastos foi em custos administrativos e operacionais, de 138 637 euros, e cerca de cem mil euros em propaganda e estruturas, cartazes e telas.
O vencedor das eleições, Marcelo Rebelo de Sousa, foi o segundo mais poupado, gastando apenas 24.926 euros. Recebeu 23.826 euros da subvenção estatal para pagar as despesas e, dos gastos, 15 mil foram em estudos de mercado e conceção da campanha e mil euros foram aplicados em propaganda, comunicação impressa e digital.
Ana Gomes, que ficou em segundo lugar com 12,97%, representando 541.556 votos, já tinha divulgado que teve um saldo remanescente de cerca de 31 mil euros. A socialista declarou receitas de 167.132 euros, dos quais 31 mil euros foram donativos e 2.890 euros foram recebidos em iniciativas de angariação de fundos.
Com a campanha financiada pela subvenção pública, cerca de 132.434 euros, Ana Gomes doou o saldo remanescente de 31 mil euros à Associação “Continuar para Começar”, para promover o jornalismo de investigação independente.
André Ventura foi o candidato presidencial que, tendo conseguido mais do que 5% dos votos, conseguiu aceder à subvenção pública para financiar a campanha, que custou cerca de 201 mil euros.
A subvenção foi de 146.072 euros, e o Chega contribuiu com 35 mil euros, a que acresce 20 mil euros em donativos. No mapa de distribuição de despesas verifica-se que a maior fatia, 80 mil euros, foi classificada na rubrica “outras”.
Em cartazes e telas Ventura gastou 43 mil euros, em brindes 21 mil euros, e cerca de 37 mil euros na conceção da campanha, estudos de mercado e agências de comunicação.
Quanto ao candidato presidencial mais poupado na campanha de janeiro, Vitorino Silva, declarou cerca de sete mil euros de despesa, dos quais três mil em “propaganda, comunicação digital e impressa e 1600 euros em custos administrativos e operacionais”.
A campanha do candidato que ficou conhecido por Tino de Rans foi financiada por donativos de 4.660 euros, por “donativos em espécie” avaliados em cerca de 1500 euros e por “cedência de bens a título de empréstimo”, no valor de mil euros.
As eleições para o cargo de Presidente da República realizaram-se em 24 de janeiro.
As atividades de campanha eleitoral para Presidente da República só podem ser financiadas por subvenção estatal, contribuições de partidos, por donativos de pessoas singulares e pelo produto de angariação de fundos.
Segundo a lei, a repartição da subvenção pública é feita nos seguintes termos: 20% são igualmente distribuídos pelos candidatos que obtenham pelo menos 5% dos votos e os restantes 80% são distribuídos na proporção dos resultados eleitorais obtidos, sendo que não pode "em qualquer caso, ultrapassar o valor das despesas efetivamente realizadas".