A economia da China já não cresce ao ritmo espetacular de há duas décadas. Agora cresce à volta de 5%, mais do que crescem as economias ocidentais, mas que não satisfaz as autoridades de Pequim.
Percebe-se porquê: o partido comunista chinês tinha-se habituado a compensar a população da brutal vigilância que sobre ela exercia com um continuado progresso da situação económica da maior parte das famílias. O abrandamento económico põe em causa a dimensão atual dessa melhoria.
Ora os chineses protestam quando as coisas correm mal. Viu-se quando o “covid 19” foi atacado por Pequim de uma forma pouco decidida e em zig-zag. Ou quando o setor imobiliário chinês entrou numa grave crise, previsível mas não prevista pelos órgãos máximos do partido.
Xi Jinping reforçou a um nível nunca antes visto o controle da população chinesa. Se o Estado/partido (entidades que na China se confundem) não logra compensar os chineses com um razoável enriquecimento, pode gerar-se uma situação interna politicamente incómoda para Xi Jinping.
Por outro lado, o reforço do severo controle do partido comunista sobre a vida pessoal, familiar e empresarial dos chineses arrisca-se a ter resultados negativos no crescimento da economia. Cada vez mais os gestores das empresas chinesas são alvo de intervenções e diretivas por parte do poder político.
O combate à corrupção que Xi lançou levou recentemente a críticas contra estilos de vida “hedonistas”, bem como contra um pensamento “elitista”. Os gestores de empresas do Estado são acusados publicamente pelo poder político de não valorizaram as unidades que gerem.
As críticas aos gestores são particularmente violentas no sector bancário. O partido comunista da China exorta os bancários a promoverem uma cultura financeira “com características chinesas” e a não procurarem lucros pelos lucros. O planeamento central da economia é enaltecido, bem como o pensamento de inspiração marxista e a tradição chinesa baseada em Confúcio.
Importa não esquecer, ainda, a grande prioridade de Xi Jinping que é aumentar as despesas militares. Em 2024 o orçamento da Defesa subiu mais de 7%. É o terceiro ano consecutivo a subir assim. A prometida “reunificação” com Taiwan implica modernizar as forças armadas do país. Longe vão os tempos de Deng Xiaoping e da liberalização da economia. Não são perspetivas simpáticas.