A Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa recebeu dezenas de denúncias de assédio nos últimos dias. Contudo, a Associação de Apoio à Vítima (APAV) diz que a Universidade de Lisboa não é um caso único e que “recebemos situações de assédio e de violência em contexto universitário de diversas índoles”, afirma Carla Ferreira, da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV).
“Os casos têm vindo cada vez mais a conhecer a luz do dia e não a aumentar”. A representante da APAV diz à Renascença que casos de assédio sempre existiram, mas que “estamos a falar de um ambiente que era muito controlado e não havia muita informação e não havia muito registo de pedidos de ajuda por vários receios que podem estar associados a este contexto universitário”, explica.
A APAV nota que, apesar da dificuldade do meio “tem havido movimentos que ajudam a trazer estes casos à luz do dia e a própria sociedade está mais intolerante a estas situações”, esclarece à Renascença.
No que toca à posição de associações como a APAV, Carla Ferreira explica que “estes crimes, regra geral, não são de natureza pública, portanto não há uma obrigatoriedade da nossa parte em acionar e desencadear o procedimento criminal”.
“Não há aquela lógica de denunciar obrigatoriamente”, afirma. Carla Ferreira diz que devido à natureza do crime, o procedimento criminal é uma decisão da vítima.
O trabalho da APAV, nestes casos, é “esclarecer o que são os direitos das vítimas, aquilo que aconteceu e empoderá-las para poderem tomar outro tipo de ações mais direcionadas relativamente ao estabelecimento de ensino que estejam a frequentar”, conclui a responsável da APAV.