Os médicos vão estar em greve esta terça e quarta-feira, uma paralisação de 48 horas convocada pela Federação Nacional dos Médicos. Em declarações à Renascença, Joana Bordalo e Sá, a presidente da FNAM, antecipa constrangimentos nas consultas e cirurgias.
"Acima de tudo, as consultas, em termos dos centros de saúde, também nos hospitais, as cirurgias quer nos centros de saúde que pertencem às Unidades Locais de Saúde, quer nos hospitais que pertencem às Unidades Locais de Saúde, provavelmente vão ter constrangimentos", explicou a responsável da FNAM, que assegurou que "os serviços mínimos" estão "completamente assegurados".
A Federação Nacional dos Médicos acusa que as propostas que fez para um protocolo negocial não foram acolhidas pelo Ministério da Saúde. Entre outras reivindicações, a FNAM exige a revisão das grelhas salariais e o regresso às 35 horas de trabalho semanais, argumentando que os médicos são "os únicos trabalhadores profissionais da administração pública" que trabalham "40 horas, mais todo o trabalho extraordinário que somos obrigados a fazer",
Joana Bordalo e Sá sublinhou ainda a "questão do internato médico dos médicos internos, que são um terço da nossa força de trabalho, são 10 mil médicos em 31 mil dos médicos estão no SNS, que estão fora da carreira e nós queríamos que voltassem a ser reintegrados".
A discussão dos dois temas, disse a médica, "foi rejeitada totalmente".
A FNAM defende medidas urgentes para a fixação de médicos no Serviço Nacional de Saúde. Joana Bordalo e Sá denuncia atrasos no processo de recrutamento, e contesta ainda a publicação, pela tutela da Saúde, do diploma referente ao pagamento do trabalho extraordinário.
"É pago agora de uma forma por blocos de 40 horas, portanto, é transformada em trabalho normal e depois há uma espécie de suplemento por cada bloco de 40 horas", explica a líder da FNAM, que descreve esta como "uma forma completamente perversa de fazer o pagamento".
Joana Bordalo e Sá sublinha ainda a situação dos médicos recém-especialistas e dos concursos de recrutamento de novos médicos. "Eles alteraram as regras no novo diploma, que também não teve o nosso acordo, e estamos em julho e os médicos que acabaram a formação em março ainda não estão colocados", aponta a responsável.
Para além da greve convocada para os próximos dois dias, a FNAM apelou ainda à mobilização dos médicos para a greve ao trabalho suplementar nos centros de saúde, que está a decorrer até dia até 31 de agosto.